Empresários franceses anunciam R$ 100 bilhões em investimentos no Brasil após encontro com Lula em Paris
- Marcus Modesto
- 7 de jun.
- 2 min de leitura
Quinze grandes empresários franceses que mantêm operações no Brasil anunciaram um plano de investimento de R$ 100 bilhões no país ao longo dos próximos cinco anos. O compromisso foi firmado durante uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Paris, na última sexta-feira (6), e envolve setores estratégicos da economia, como energia, infraestrutura, tecnologia, defesa e saúde.
Durante coletiva neste sábado (7), já no horário da capital francesa, Lula destacou o resultado prático de suas viagens internacionais. “Se a gente somar os investimentos que conseguimos na China, no Japão e agora na França, fica claro que estamos fazendo o que todo presidente deveria fazer: abrir portas e promover o Brasil no mundo”, afirmou.
De acordo com o Palácio do Planalto, a França é hoje a terceira maior origem de investimentos diretos no Brasil, com um estoque de US$ 66,34 bilhões. Mais de mil empresas francesas atuam em solo brasileiro, gerando aproximadamente 500 mil empregos.
Entre os projetos discutidos está a ampliação da cooperação entre os dois países na área de defesa, com destaque para a produção de helicópteros na fábrica da Helibrás, em Itajubá (MG). A ideia é fortalecer o polo industrial brasileiro e abastecer não apenas o mercado nacional, com aeronaves para segurança pública e saúde, mas também abrir caminhos para exportações a países da América Latina.
Segundo o chanceler Mauro Vieira, a planta brasileira pode se tornar um centro de excelência na produção dos equipamentos. “É uma parceria que agrega valor à indústria nacional e expande nosso potencial regional”, disse o ministro.
Além disso, foram assinados acordos bilaterais entre Brasil e França para o desenvolvimento conjunto de vacinas e produtos laboratoriais, envolvendo instituições como a Fiocruz e o Instituto Pasteur. As parcerias ampliam a cooperação científica entre os dois países e fortalecem o complexo industrial da saúde brasileiro.
No campo político e comercial, Lula voltou a defender a ratificação do acordo entre Mercosul e União Europeia. Ele rebateu críticas de que o agronegócio brasileiro prejudicaria os agricultores franceses, classificando o argumento como desproporcional. “Se eles cumprissem a cota de exportação, o máximo que os franceses consumiriam seriam dois hambúrgueres por ano de carne brasileira”, ironizou.
O presidente também afirmou ter sugerido a Emmanuel Macron que pequenos produtores dos dois países dialoguem diretamente. “Não queremos competir para destruir, e sim cooperar para crescer. A política comercial deve funcionar em mão dupla”, afirmou, reiterando que o Parlamento Europeu pode aprovar o acordo, mesmo diante da resistência francesa.
A visita de Lula à França marca a primeira de um chefe de Estado brasileiro ao país em 13 anos e integra uma agenda intensa de encontros diplomáticos, culturais e econômicos. Durante a viagem, também foram aprofundados os 20 compromissos do Plano de Ação da Parceria Estratégica Brasil-França.

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