Enquanto professores aguardam diálogo, prefeito de Barra Mansa escolhe festa junina e selfies com aliados

Enquanto a educação pública de Barra Mansa vive um momento delicado, com professores da rede municipal cobrando diálogo, valorização profissional e melhores condições de trabalho, o prefeito Luiz Furlani preferiu posar para fotos em uma festa junina realizada no CRAS Penaforte, no bairro Vila Coringa, nesta quarta-feira (25). A ausência de disposição para ouvir a categoria que sustenta as salas de aula da cidade contrasta com a prontidão em prestigiar eventos lúdicos, onde não há cobrança — apenas aplausos ensaiados e discursos vazios.

A atividade, promovida pela Secretaria de Assistência Social, reuniu crianças atendidas por três CRAS — Penaforte, Ano Bom e Morada Verde — com direito a danças típicas, comidas juninas e muita celebração. Não há dúvidas de que iniciativas que promovem o bem-estar e a socialização são importantes. No entanto, o cenário torna-se contraditório quando, no mesmo período, o poder público ignora uma das pautas mais urgentes da cidade: a crise na educação.

Enquanto educadores acumulam sobrecarga, denunciam a falta de estrutura em escolas e aguardam o mínimo de reconhecimento da prefeitura, o prefeito aparece em festa, acompanhado de vereadores aliados e secretários, como se tudo estivesse em perfeita ordem. Há semanas, professores cobram uma reunião com o chefe do Executivo para discutir questões como salários defasados, plano de carreira e precariedade em unidades escolares — e até agora, nenhuma resposta concreta foi dada.

A secretária de Assistência Social, Joseane Ricarte, afirmou durante o evento que ações como a festa junina “aproximam o governo das comunidades”. Mas que tipo de governo se aproxima da população apenas em eventos com decoração e milho cozido, enquanto evita encarar os problemas estruturais que prejudicam justamente as crianças que participaram da comemoração?

Ao privilegiar o palanque festivo em vez da escuta ativa, Furlani escancara uma gestão preocupada com aparência e propaganda, e não com soluções reais. A educação continua em segundo plano, sendo tratada como obstáculo político, e não como prioridade social.

A cidade de Barra Mansa precisa urgentemente de um gestor que saiba equilibrar o entretenimento com a responsabilidade — e que entenda que, antes de quadrilhas e bandeirinhas, é preciso garantir o básico: escolas dignas, professores valorizados e um futuro possível para as crianças que hoje dançam, mas amanhã precisarão aprender.

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