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Entidades médicas defendem mamografia de rastreio para mulheres a partir dos 40 anos

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 5 de mar.
  • 3 min de leitura

Entidades médicas apresentaram à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) um parecer recomendando a ampliação da faixa etária para a mamografia de rastreamento, incluindo mulheres de 40 a 74 anos. A proposta busca modificar os critérios do novo programa de certificação de planos de saúde, lançado pela ANS para valorizar boas práticas no tratamento do câncer.


Em dezembro de 2024, a ANS abriu uma consulta pública para receber contribuições sobre o programa e divulgou uma cartilha preliminar com critérios para a certificação dos planos. Um dos pontos mais polêmicos foi a recomendação de mamografias apenas entre 50 e 69 anos, seguindo o protocolo do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A medida gerou críticas de especialistas, que alegam que mulheres mais jovens também precisam do rastreamento.


Diante da repercussão, a ANS concedeu um prazo de um mês para que as entidades médicas apresentassem um parecer embasado em evidências científicas, o que foi feito na semana passada.


Aumento de casos e impacto na qualidade de vida


O parecer foi elaborado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Sociedade Brasileira de Mastologia e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. O documento destaca que, em 2024, 22% das mulheres que morreram por câncer de mama tinham menos de 50 anos, e 34% tinham mais de 70 anos.


Além disso, os estudos apontam um crescimento de casos em mulheres mais jovens, sendo que esses tumores tendem a ser mais agressivos e apresentam maior risco de metástase. Para as entidades médicas, a mamografia precoce permite detectar o câncer em estágios iniciais, o que resulta em tratamentos menos invasivos, reduzindo a necessidade de quimioterapia e cirurgias mais agressivas.


“No grupo do rastreamento, o tumor é detectado no estágio inicial e apresenta características biológicas menos agressivas, permitindo maior número de cirurgias conservadoras da mama. Essas pacientes também possuem menos indicação de quimioterapia, consequentemente com menores efeitos colaterais do tratamento”, afirma o parecer.


O documento também destaca o impacto econômico do diagnóstico precoce, argumentando que a detecção em estágios iniciais reduz custos com tratamentos mais caros, como terapias avançadas para cânceres metastáticos.


Inca mantém posição contrária


Apesar dos argumentos das entidades médicas, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) mantém a recomendação de rastreamento apenas para mulheres entre 50 e 69 anos. Segundo o diretor-geral do órgão, Roberto Gil, a questão não é a incidência do câncer antes dos 50 anos, mas sim a efetividade do rastreamento nessa faixa etária.


“Nossa questão não está baseada na incidência da doença abaixo dos 50 anos, mas nas fortes evidências de que o rastreamento abaixo dessa idade não tem sensibilidade suficiente, aumentando o risco de sobrediagnóstico e de mais intervenções, sobrecarregando todo o sistema de saúde”, afirmou Gil.


O especialista argumenta que estudos científicos não demonstraram aumento na sobrevida com a realização de mamografias antes dos 50 anos. Além disso, ele ressalta que a maior densidade mamária em mulheres mais jovens pode levar a falsos positivos, exigindo exames complementares e, em alguns casos, cirurgias desnecessárias.


Com a apresentação do parecer das entidades médicas, a decisão final da ANS sobre a certificação dos planos de saúde e a ampliação da mamografia de rastreamento deve ser tomada nos próximos meses.

Fonte Agência Brasil




 
 
 

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