Entre o “Cabelo Maluco” e a realidade das escolas: a crise silenciosa da educação em Barra Mansa
- Marcus Modesto
- 10 de out.
- 2 min de leitura
Enquanto a rede municipal de ensino de Barra Mansa promove uma semana de atividades festivas em homenagem ao Dia das Crianças — com direito a “Cabelo Maluco”, “Meia Maluca” e outras ações criativas —, a rotina de muitas escolas da cidade revela um cenário bem menos colorido: salas superlotadas, estrutura precária e profissionais desvalorizados.
A iniciativa lúdica, embora importante para o estímulo à criatividade e para o convívio escolar, contrasta com as dificuldades enfrentadas diariamente por professores e alunos. Faltam materiais básicos, manutenção predial e, sobretudo, reconhecimento ao trabalho dos educadores, que seguem enfrentando baixos salários, acúmulo de funções e a ausência de um plano de carreira digno.
Não é raro encontrar escolas com ventiladores quebrados, infiltrações e banheiros interditados. Em várias unidades, professores relatam improviso constante para manter as aulas funcionando, enquanto precisam lidar com turmas cada vez maiores e pouca assistência pedagógica.
Apesar das ações pontuais promovidas pela Secretaria de Educação, o problema é estrutural. Festas e decorações não substituem políticas públicas sérias de valorização profissional e investimento em infraestrutura. É incoerente celebrar a criatividade dos alunos sem oferecer condições mínimas para que o aprendizado aconteça com qualidade.
O entusiasmo de diretores e famílias em promover momentos de alegria não deve mascarar a urgência de mudanças mais profundas. Professores continuam arcando com custos do próprio bolso para preparar atividades e manter a sala de aula acolhedora. Muitos enfrentam longas jornadas e ainda lidam com a falta de apoio psicológico e pedagógico.
O que a rede municipal precisa, mais do que “dias temáticos”, é de respeito, investimento e planejamento. A verdadeira homenagem às crianças não está nos penteados divertidos, mas na garantia de uma educação pública de qualidade, que forme cidadãos críticos, criativos e conscientes — não apenas por uma semana, mas todos os dias do ano.
Foto Secom




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