Escândalo do Auxílio Alimentação da Alerj: Transparência e Responsabilidade Ficam de Fora
- Marcus Modesto
- 14 de jan.
- 2 min de leitura
Em pleno 2024, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) protagoniza mais um capítulo vergonhoso da falta de transparência e responsabilidade pública. O dinheiro gasto com o auxílio alimentação neste ano, que já ultrapassou R$ 143 milhões em 11 meses, escancara um descontrole financeiro que parece ser apenas a ponta do iceberg de um sistema que carece de um escrutínio rigoroso.
Este valor já é superior ao total gasto em 2023 e tem grandes chances de quebrar o recorde de 2022, quando o custo do benefício foi de R$ 149 milhões. Em novembro de 2024, por exemplo, a Alerj desembolsou R$ 13,2 milhões com esse auxílio. Com valores desse porte, é difícil não questionar a eficiência e a ética por trás dessa distribuição. Afinal, como justificar que cada servidor, em alguns casos, receba até R$ 2.940 mensais apenas com o auxílio alimentação, sem qualquer transparência sobre quem recebe e em que quantias?
O pior, no entanto, é o comportamento da própria Alerj diante das indagações sobre esse gasto exorbitante. O Ministério Público do Rio de Janeiro, desde o final de 2023, busca explicações e até hoje não obteve respostas claras. O órgão está tentando entender o aumento inexplicável da despesa, que triplicou entre 2017 e 2023, mas a Alerj segue omissa, ignorando os questionamentos.
Ainda mais grave são as denúncias de ex-funcionários do gabinete da deputada Índia Armelau (PL), que afirmam que o auxílio alimentação foi utilizado em esquemas de rachadinha. Embora a deputada negue as acusações, o fato de o MP ter aberto uma investigação já indica que a prática pode ser mais comum do que imaginamos. A rachadinha, que envolve a apropriação indevida de parte dos pagamentos dos servidores, é uma prática que não pode ser ignorada e precisa ser amplamente investigada.
Esse escândalo não é apenas uma questão de números. É uma afronta à população fluminense, que vê seu dinheiro sendo gasto sem a devida transparência, e que fica à mercê de um sistema que claramente prioriza interesses próprios em detrimento da moralidade pública. A Alerj, além de não justificar os gastos, ainda desvia a atenção de uma verdadeira prestação de contas, à medida que se fecha em uma “caixa-preta” que se mantém distante da fiscalização.
Enquanto isso, a sociedade continua a cobrar respostas, e o Ministério Público segue tentando abrir os olhos de um parlamento que parece estar mais preocupado em se proteger do que em realmente servir à população. A transparência e a responsabilidade que a Alerj deve ao povo fluminense ainda estão longe de ser alcançadas.

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