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Esquema de fraudes contra aposentados do INSS envolve Conafer e leva à queda de autoridades federais

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 16 de mai.
  • 3 min de leitura

Uma investigação da Polícia Civil do Distrito Federal, revelada com exclusividade pelo Jornal Nacional nesta semana, expôs novos detalhes de um esquema de fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas do INSS. O centro das denúncias envolve a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer) e resultou, em abril deste ano, na queda do ministro da Previdência e do presidente do INSS.


O caso veio à tona a partir de um depoimento prestado em 10 de junho de 2021 pelo empresário Bruno Deitos, dono da empresa Premier Recursos Humanos. Segundo ele, sua empresa foi contratada, de forma terceirizada, pela Target Pesquisas de Mercado, que prestava serviços para a Conafer, com o suposto objetivo de realizar atualizações cadastrais de associados em seis estados: DF, GO, BA, MG, MT e MS.


Deitos relatou à Delegacia de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor que, embora sua equipe tivesse sido orientada a coletar assinaturas em documentos de exclusão de descontos, uma reunião com o dono da Target, Randel Machado de Faria, teria revelado o real propósito da ação: manipular os documentos com ajuda de softwares de edição para transformá-los em formulários de adesão.


“Randel teria dito que o que interessava era simplesmente o quadro de assinaturas, pois contrataria uma empresa especializada em alterar arquivos PDF”, relatou Deitos à polícia.


Ameaças e articulação política


O empresário ainda afirmou que, após a execução do serviço, não recebeu o pagamento acordado. Ao cobrar os valores, foi ameaçado por Tiago Ferreira Lopes, irmão do presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes. Tiago já havia sido condenado por improbidade administrativa em outro caso.


No dia seguinte, 11 de junho, Deitos prestou novo depoimento e afirmou que o próprio presidente da Conafer teria se gabado de “dominar diretores do INSS”, por meio da oferta de vantagens indevidas para manipulação de dados e acesso privilegiado ao sistema da Previdência. Deitos disse ainda possuir um acervo digital com 28,7 mil fichas de assinaturas, que foi entregue à Polícia Federal.


O material serviu de base para um inquérito que avançou lentamente até que, em abril de 2025, culminou em uma operação federal que derrubou os principais nomes da cúpula da Previdência Social. A deflagração da investigação provocou forte repercussão política e institucional em Brasília.


Conafer multiplicou volume de descontos


Segundo reportagem exibida pelo Jornal Nacional na quarta-feira (14), a Conafer foi a entidade que mais ampliou o volume de descontos aplicados sobre aposentadorias e pensões entre 2019 e 2023. Os números, obtidos junto à Controladoria-Geral da União (CGU), mostram que o valor anual movimentado saltou de R$ 400 mil em 2019 para R$ 202 milhões em 2023 — um crescimento de 50.000% em apenas quatro anos.


A suspeita é que uma combinação de fraude documental, terceirizações opacas e influência política permitiu que descontos indevidos fossem aplicados em milhares de benefícios sem consentimento claro dos segurados.


Conafer se diz à disposição da Justiça


Procurada, a Conafer informou que está à disposição das autoridades e que colaborará com o andamento das investigações. Já Bruno Deitos, Randel Machado de Faria e a empresa Target Pesquisas de Mercado não foram localizados pela reportagem da TV Globo.


O caso reforça o alerta para práticas fraudulentas envolvendo entidades de representação, empresas terceirizadas e órgãos públicos, que exploram brechas para desviar recursos da Previdência. Com os holofotes voltados agora para a relação entre essas organizações e servidores do INSS, o escândalo promete gerar desdobramentos no Congresso e no Ministério Público.



 
 
 

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