Estacionamento Rotativo de Barra Mansa expõe falhas no serviço e omissões da gestão pública
- Marcus Modesto
- 1 de jul.
- 2 min de leitura
O sistema de estacionamento rotativo implantado em Barra Mansa pela empresa MOBITT TECNOLOGIA E SISTEMAS LTDA revela, menos de um ano após sua entrada em operação, um amontoado de problemas técnicos, jurídicos e administrativos que põem em xeque a qualidade da concessão e a responsabilidade do poder público. O serviço, que prometia modernizar a ocupação das vagas públicas e facilitar a mobilidade urbana, acumula críticas da população, falhas operacionais e ausência de transparência nos resultados.
A empresa, sediada formalmente na Rua José Marcelino Camargo, sala 202, no Centro da cidade, teve sua filial constituída em agosto de 2023, logo após vencer a Concorrência Pública nº 003/2022. Embora apresente como atividade principal o estacionamento de veículos, a MOBITT atua também no desenvolvimento de software e serviços de TI, o que levanta a suspeita de um modelo de negócios mais voltado à prestação digital do que à gestão urbana real.
A licitação seguiu trâmites burocráticos com provas de conceito e recursos administrativos – inclusive da própria empresa vencedora –, mas o contrato firmado com a Prefeitura ainda não foi plenamente exposto à sociedade, nem tampouco fiscalizado pela Câmara Municipal de forma ativa. A minuta está disponível no Portal da Transparência, mas poucos têm acesso ao conteúdo ou entendimento técnico para interpretá-lo.
Desde sua implantação, a operação do “Rotativo Barra Mansa” enfrenta duras críticas. Usuários relatam com frequência dificuldades para acessar o aplicativo oficial, esqueceram senhas, foram multados indevidamente ou não conseguiram registrar o pagamento mesmo com saldo disponível. A promessa de democratizar o uso das vagas se perdeu num modelo altamente digitalizado, que ignora realidades sociais e limita o acesso principalmente a idosos e moradores sem familiaridade tecnológica.
Além disso, relatos de moradores e comerciantes alertam para outro problema básico: a ausência de marcação física de vagas em muitas ruas, o que gera confusão, sobreposição de veículos e amplia o risco de autuações injustas. A fiscalização, feita por câmeras e apoio da Guarda Municipal, não oferece margem de defesa eficaz, agravando o sentimento de injustiça entre os usuários.
Outro ponto crítico é a falta de transparência quanto aos valores arrecadados. Não há, até agora, dados públicos atualizados sobre a receita do sistema nem sobre o destino dos recursos. A Prefeitura não apresentou relatórios de impacto urbano, melhorias em mobilidade, nem investimentos oriundos da arrecadação do rotativo. Se a cidade paga, o que ela recebe de volta?
A atuação da MOBITT em Barra Mansa, apesar de revestida de legalidade, reflete uma concessão pouco debatida, com escassos mecanismos de controle social e efeitos práticos ainda questionáveis. O sistema não é apenas impessoal; é ineficiente para muitos, arbitrário para outros e, principalmente, lucrativo para poucos.
A pergunta que fica é: quem está realmente ganhando com o novo modelo de estacionamento rotativo em Barra Mansa? Certamente, não é o cidadão que tenta estacionar, paga e ainda pode ser multado.

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