Ex-prefeito de Belford Roxo, Waguinho, é investigado pela PF por desvios em contratos de livros didáticos
- Marcus Modesto
- 6 de mar.
- 2 min de leitura
A Polícia Federal (PF) passou a investigar o ex-prefeito de Belford Roxo (RJ), Wagner dos Santos, conhecido como Waguinho, por suspeitas de envolvimento em um esquema de desvios de recursos em contratos que somam mais de R$ 100 milhões para a compra de livros didáticos. A informação foi divulgada pelo jornalista Fábio Serapião, no portal Metrópoles.
A apuração faz parte da Operação Errata, que envolve a PF, o Ministério Público Federal e a Controladoria-Geral da União. Waguinho entrou na mira da investigação após a PF realizar buscas e apreensões em diversos endereços no dia 11 de fevereiro deste ano. Os agentes encontraram indícios de sua participação no esquema, o que motivou a inclusão do ex-prefeito nas investigações.
A maior parte dos contratos sob suspeita foi assinada durante a gestão de Waguinho na prefeitura de Belford Roxo, entre 2017 e 2024. Ele é casado com Daniela do Waguinho, ex-ministra do Turismo no governo Lula (PT) e deputada federal. Daniela foi nomeada ministra após o apoio de Waguinho a Lula na eleição de 2022, mas acabou exonerada sete meses depois, em meio a um movimento do governo para ampliar sua base no Congresso.
Esquema com editoras e gráficas
De acordo com as investigações, o esquema envolvia as editoras Soler e IPDH, que assinaram contratos milionários com Belford Roxo na gestão de Waguinho. No entanto, os livros comprados poderiam ter sido obtidos gratuitamente pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC).
As investigações apontam que o esquema utilizava uma rede de empresas e laranjas para movimentar os valores desviados. Duas dessas empresas mantiveram relações com a campanha de Daniela Carneiro à Câmara dos Deputados em 2022.
A campanha da deputada contratou a Lastro Indústrias Gráficas, que recebeu cerca de R$ 5,7 milhões da Editora Soler — uma das principais investigadas na operação. A PF descobriu que a Soler não possuía funcionários desde 2016, mas, mesmo assim, fechou contratos de R$ 53 milhões entre 2019 e 2023 com a prefeitura de Belford Roxo.
Outra empresa mencionada na investigação é a Rubra Editora e Gráfica, que tinha como sócio João Morani Veiga, alvo de busca na operação Errata. A Rubra foi a maior recebedora de recursos da campanha de Daniela Carneiro em 2022, totalizando R$ 561 mil durante o período eleitoral.
Defesa nega irregularidades
A reportagem tentou contato com Waguinho, mas não obteve resposta.
Daniela Carneiro negou qualquer envolvimento com as empresas investigadas e afirmou que os serviços gráficos da campanha foram retirados nos parques gráficos indicados pelas contratadas.
Sandro Coutinho, responsável pela Editora Soler, também negou irregularidades. Ele alegou que os valores repassados à Lastro são resultado de cinco anos de fornecimento de livros ao município.
Coutinho justificou que Belford Roxo optou por comprar materiais próprios em vez de utilizar os livros gratuitos do governo federal, alegando que os livros pagos eram mais “dinâmicos e regionalizados, especialmente em história e geografia”. Ele negou superfaturamento e destacou que o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do município cresceu com a parceria da Soler.

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