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Explosão de acidentes com veículos de micromobilidade escancara falta de fiscalização no Rio

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 12 de abr.
  • 2 min de leitura

O número de atendimentos por acidentes com veículos de micromobilidade disparou na rede municipal de saúde do Rio de Janeiro. Em apenas um ano, os casos saltaram de 274 em 2023 para 2.199 em 2024 — um aumento alarmante de 702%, segundo levantamento da Comissão de Segurança no Ciclismo do RJ com base em dados da Secretaria Municipal de Saúde obtidos via Lei de Acesso à Informação. O levantamento não inclui ciclistas, que seguem com números elevados, porém estáveis.


Patinetes elétricos, ciclomotores e bicicletas autopropelidas integram a categoria de micromobilidade, cuja popularização ganhou força após a publicação da Resolução 996 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que forneceu respaldo jurídico para esses modais. No entanto, a regulamentação ficou a cargo de cada município — e, no Rio, essa etapa ainda não foi concluída pela gestão do prefeito Eduardo Paes.


A ausência de regras claras impede a aplicação de multas e limita a atuação dos agentes públicos. “Como não há regulamentação para aplicação de penalidade de multa, os guardas municipais atuam na orientação para uma condução segura para os usuários e as demais pessoas”, informou a Prefeitura em nota.


O reflexo dessa lacuna também é percebido nos hospitais particulares. “As lesões mais comuns, felizmente, são escoriações leves. Mas quedas em alta velocidade ou colisões podem provocar traumas graves, como traumatismo craniano, lesões na medula espinhal e tórax. Algumas podem levar à morte”, alertou o médico Pedro Rothman, do Hospital Glória D’Or.


Especialistas atribuem o crescimento explosivo de acidentes à combinação entre o uso desordenado dos veículos e a falta de informação adequada. “O número de acidentes com bicicletas se mantém alto, mas estável. Já os registros na categoria ‘outros’ — que inclui patinetes e ciclomotores — disparam logo após a Resolução 996. É um crescimento absurdo”, afirmou Vivi Zampieri, da Comissão de Segurança no Ciclismo.


Nas ruas, o temor da população é crescente. “Tenho observado vários acidentes aqui na orla, principalmente aos domingos, quando o movimento aumenta. Já vi idosos se machucarem por falta de respeito no trânsito”, contou o morador Lairton Mattos.


Para o vereador Pedro Duarte (Novo), é urgente avançar em duas frentes: educação e sinalização. “Qual é a velocidade permitida na ciclovia da Praia de Copacabana? Não tem como saber, não há placas. A gente sempre parte do princípio de que o carioca vai desrespeitar a lei, mas a verdade é que a maioria respeita — desde que saiba qual é a regra”, destacou.


A empresa Whoosh, que opera patinetes elétricos compartilhados na capital, afirma que investe em medidas educativas. “A pedra fundamental da utilização de qualquer ferramenta de micromobilidade é a educação do usuário. A gente não consegue fiscalizar 24 horas por dia”, explicou Cadu Souza, diretor de operações da companhia. Segundo ele, mais de 20 mil usuários já foram bloqueados por descumprirem regras de segurança.


Entre os próprios cariocas, cresce o consenso de que apenas conscientização não basta. “Tem que fazer como fizeram com as bicicletas elétricas”, sugeriu André Moreira. “Educação é fundamental, mas no curto prazo não resolve. Sem fiscalização, não resolve.”




 
 
 

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