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Facções criminosas ampliam atuação econômica e dividem setores estratégicos no Rio de Janeiro

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 24 de abr.
  • 2 min de leitura

Enquanto autoridades seguem investigando a possível reaproximação entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), um novo cenário preocupa as forças de segurança: a infiltração silenciosa das facções em setores-chave da economia fluminense, como combustíveis e telecomunicações. Segundo levantamentos recentes, as duas organizações, historicamente rivais, estariam mantendo uma espécie de “acordo não oficial” para evitar conflitos e maximizar lucros.


O PCC, com atuação originária em São Paulo, tem avançado no território fluminense por meio do furto e da venda clandestina de combustíveis. Já o CV, com raízes no Rio de Janeiro, encontrou no fornecimento irregular de internet uma nova fonte de receita — explorando comunidades inteiras por meio de empresas controladas por “laranjas”.


Exploração disfarçada de legalidade


A fragilidade da legislação atual facilita a ação criminosa. No setor de telecomunicações, por exemplo, empresas com até 5 mil clientes não precisam de outorga da Anatel para operar. Essa brecha tem sido usada por facções para registrar provedores em nome de terceiros e atuar com fachada legal. Em algumas comunidades, a estrutura imposta por esses grupos estabelece monopólios locais com cobrança de taxas e imposição territorial, impedindo a entrada de concorrentes.


O secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, já trata PCC e CV como “máfias modernas”. “Elas deixaram de ser apenas organizações criminosas. São máfias, com estruturas empresariais, lavagem de dinheiro e dominação de mercados. A resposta precisa ser integrada e estratégica”, declarou.


Divisão territorial e de mercados


Enquanto o CV sustenta seu poder por meio da intimidação direta, o PCC adota uma abordagem mais silenciosa, agindo com perfil corporativo. Essa diferença de conduta tem resultado numa divisão informal de áreas e mercados. “O CV encontrou na internet sua principal fonte de lucro nas comunidades do Rio, enquanto o PCC tem operado com combustíveis, inclusive com esquemas de transporte e armazenamento clandestino”, afirmou o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos.


Santos destaca que há centenas de empresas ilegais operando sem autorização: “Temos comunidades com dezenas de pequenos provedores que não são fiscalizados, muitos registrados em nome de parentes de criminosos. Isso gera poder econômico e influência sobre a população local.”


Respostas institucionais


O avanço silencioso das facções na economia formal acelerou debates em Brasília. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, reforçou a necessidade de uma reestruturação da política de segurança. Ele apoia a Proposta de Emenda Constitucional da Segurança Pública, que prevê a integração total entre as polícias federal, civil e militar. A PEC foi entregue ao Congresso pelo presidente Lula com o objetivo de enfrentar o crime organizado em múltiplas frentes.


Dados recentes da Anatel indicam que, só no estado do Rio, há 890 empresas de banda larga operando sem outorga, além de 820 prestadoras devidamente autorizadas. Todas são obrigadas a seguir normas técnicas e regulatórias, mas muitas escapam do radar.


Enquanto a legalidade serve de fachada para negócios milionários, especialistas alertam que a ausência de uma política de fiscalização rigorosa e a falta de integração entre as esferas do poder público criam o terreno perfeito para a consolidação do poder das facções em áreas vitais para a população.



 
 
 

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