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Falta de acessibilidade no show de Lady Gaga em Copacabana revolta pessoas com deficiência

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 3 de mai.
  • 3 min de leitura

O aguardado show gratuito de Lady Gaga, realizado neste sábado (3) na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, atraiu mais de 1,6 milhão de pessoas. Mas, para o público com deficiência (PCDs), o evento foi marcado por indignação e denúncias de exclusão. Problemas graves na estrutura destinada à acessibilidade geraram críticas de ativistas, artistas e cidadãos, evidenciando falhas recorrentes em grandes eventos públicos no Brasil.


Desde as primeiras horas do dia, relatos publicados nas redes sociais apontavam o descumprimento de medidas básicas de inclusão. A área reservada a PCDs foi invadida por pessoas sem deficiência, o que comprometeu a segurança, a visibilidade e o acesso de cadeirantes e outros grupos com mobilidade reduzida.


“A cena expôs falhas graves de planejamento e segurança, já que o espaço não contava com rota exclusiva de acesso nem controle efetivo de entrada”, afirmou a jornalista Jessica Paula, que é paraplégica, em entrevista à Agência Brasil. Segundo ela, a invasão ocorreu por volta das 9h, antes mesmo da abertura oficial dos portões.


Estrutura improvisada e falta de visibilidade


Jessica também denunciou que as duas áreas reservadas para PCDs foram montadas de forma improvisada na semana anterior ao evento. Cada espaço teria capacidade oficial para até 80 pessoas, metade composta por pessoas com deficiência e a outra metade por acompanhantes. Uma das áreas, no entanto, sequer permitia visão para o palco, contrariando a legislação de inclusão vigente.


“Além disso, não há rota de acesso, nem informação ou sinalização — o que compromete a segurança”, relatou.


A artista Gio Gobo, que está no espectro autista, também compartilhou sua experiência nas redes. “Na área PCD está um caos, invadiram pessoas sem laudo, subiram e ainda ficaram zombando dos PCDs que estavam do lado de fora”, denunciou.


Alerta ignorado


Na semana anterior ao show, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) já havia emitido uma recomendação à Prefeitura do Rio, à Riotur e à produtora Bonus Track Entretenimento para que garantissem a acessibilidade no evento. A medida foi motivada por denúncias da falta de rotas acessíveis, ausência de sinalização e inexistência de recursos de tecnologia assistiva, como audiodescrição e intérpretes de Libras.


Jessica revelou ainda que a promessa de criação de uma terceira área acessível só surgiu após pressões conjuntas do MPRJ, da OAB e da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. “Até o fim da tarde dessa sexta-feira, técnicos da secretaria ainda pediam que a organização colocasse ao menos uma bandeira para identificar o espaço”, afirmou.


Respostas e silêncio


A Riotur informou que dois espaços para PCDs foram disponibilizados: um no setor A, com capacidade para 70 pessoas, e outro no setor B, para 80, ambos com entrada por ordem de chegada. Até o fechamento desta reportagem, nem a Bonus Track nem a Prefeitura do Rio haviam se pronunciado.


A falta de um planejamento efetivo para assegurar o direito das pessoas com deficiência de participar em igualdade de condições gerou forte repercussão. Ativistas e cidadãos cobraram responsabilidade e ações concretas.


Um clamor por inclusão


O episódio não foi visto como um caso isolado, mas como reflexo de um padrão recorrente de negligência. Para muitos, trata-se de uma violação de direitos básicos.


“Isso não é um favor. É um direito. E um show para 1,6 milhão de pessoas precisa respeitar a diversidade e garantir que todos possam vivenciar essa experiência de forma digna e segura”, publicou uma internauta.


Diante da repercussão, cresce a expectativa por investigações e mudanças estruturais nas próximas grandes produções culturais promovidas no país.




 
 
 

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