Feminicídio cresce no Rio: quando a violência contra mulheres deixará de ser estatística?
- Marcus Modesto
- 11 de mar.
- 2 min de leitura
Os números são alarmantes e revelam uma realidade brutal: o feminicídio no estado do Rio de Janeiro aumentou 8% em 2024, com 107 mulheres assassinadas simplesmente por serem mulheres. Não se trata apenas de estatísticas, mas de vidas interrompidas por uma sociedade que ainda permite que a violência contra mulheres seja um problema crônico.
Os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que as tentativas de feminicídio também cresceram 24%, chegando a 382 casos registrados. A pergunta que fica é: quantas mulheres ainda precisam morrer para que o combate à violência de gênero seja tratado como prioridade?
A banalização da violência e o silêncio como arma
Os agressores, em sua maioria, são companheiros ou ex-parceiros das vítimas. Os motivos, quase sempre, envolvem tentativas de separação ou rejeição. A cultura patriarcal, que coloca o homem como dono da mulher, ainda encontra espaço para justificar crimes bárbaros.
E se os índices cresceram, não é porque a violência começou agora, mas porque as mulheres passaram a denunciar mais. O número de chamadas para o Ligue 180, por exemplo, bateu recorde em 2024, com mais de 132 mil denúncias. Isso significa que mais mulheres estão buscando ajuda, mas também mostra que o problema persiste e se espalha.
A violência em números: o Rio de Janeiro como epicentro da crise
A capital fluminense concentra quase metade dos feminicídios do estado, com 51 casos registrados. Belford Roxo, Duque de Caxias e Campos dos Goytacazes também aparecem no topo da lista. Além disso, os casos de assédio sexual dispararam 44,7% na cidade do Rio, evidenciando um ambiente de hostilidade crescente contra as mulheres.
As invasões de domicílio também cresceram, um crime que muitas vezes antecede agressões mais graves. Somente na capital, foram quase mil casos em 2024.
Quando o Estado falha, o crime domina
O poder paralelo nas comunidades do Rio também se tornou um obstáculo para as vítimas. A violência armada, o domínio do tráfico e das milícias fazem com que muitas mulheres tenham medo de denunciar seus agressores. Afinal, como recorrer à polícia se o agressor tem vínculos com criminosos locais?
A falta de confiança no Estado e o medo de represálias criam um cenário onde muitas vítimas preferem se calar. Enquanto isso, o feminicídio segue como uma epidemia silenciosa.
Medidas emergenciais ou paliativas?
A criação da Casa da Mulher Carioca e de Centros de Atendimento à Mulher são avanços, mas ainda não resolvem o problema em sua raiz. Sem um sistema eficaz de proteção às vítimas e punição severa para os agressores, o ciclo de violência se perpetua.
O que falta? Mais investimento em políticas públicas, ampliação de abrigos para vítimas, penas mais duras e, acima de tudo, uma mudança cultural. A sociedade precisa entender que violência contra a mulher não é um problema privado, mas um reflexo de uma estrutura que ainda privilegia o agressor.
Quantas mais precisarão morrer para que isso mude?

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