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Flávio Bolsonaro defende ruptura institucional para proteger aliados do pai e revive ameaças ao STF

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 25 de jun.
  • 3 min de leitura

Senador do PL volta a flertar com o golpismo ao condicionar apoio do bolsonarismo a um candidato disposto a confrontar o Supremo e perdoar golpistas


As ameaças à democracia feitas por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro deixaram de ser insinuações veladas. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em entrevista recente à Folha de S.Paulo, afirmou com todas as letras que o apoio político do bolsonarismo a um eventual candidato à presidência passará por um compromisso: rasgar a Constituição, confrontar o Supremo Tribunal Federal e garantir a impunidade para golpistas.


A declaração, feita com naturalidade, sinaliza que o bolsonarismo ainda aposta em tensionar os limites democráticos e pressionar instituições. Segundo Flávio, o candidato que tiver o aval de Jair Bolsonaro deve estar disposto a garantir um indulto ou promover anistia para os envolvidos em atos golpistas. E, caso o STF declare tal medida inconstitucional, o futuro presidente “terá que garantir que ela seja cumprida”, mesmo diante de um eventual conflito entre os Poderes.


“É uma hipótese muito ruim, porque a gente está falando de possibilidade e de uso da força”, afirmou o senador. “É a possibilidade de interferência direta entre os poderes.” Embora tente suavizar suas palavras classificando-as como uma “análise de cenário”, o que Flávio propõe na prática é o uso do poder Executivo para sufocar o Judiciário — uma reedição da retórica usada por seu irmão Eduardo Bolsonaro em 2018, quando falou em “um cabo e um soldado” para fechar o STF.


A banalização do golpismo e a cumplicidade do silêncio


A fala de Flávio ocorre em um momento de aparente naturalização do discurso autoritário. Em 2018, quando Eduardo Bolsonaro fez ameaças semelhantes, a reação da imprensa e da opinião pública foi imediata e incisiva. Hoje, o golpismo parece ter sido incorporado como retórica eleitoral.


A diferença é grave. Flávio Bolsonaro não é um deputado de primeiro mandato tentando fazer barulho. É senador da República, envolvido em escândalos de corrupção, e uma das figuras mais influentes no núcleo político do bolsonarismo. Suas palavras não são delírios de bastidor: são um recado público de que, para a extrema-direita, o caminho de volta ao poder exige submissão institucional.


A proposta é clara: o bolsonarismo só apoiará um candidato à Presidência que esteja pronto para colocar o Executivo acima das leis e das instituições — e que tenha disposição para confrontar o Supremo Tribunal Federal caso este tente barrar medidas como indultos a condenados por tentativa de golpe.


Democracia em risco permanente


A tentativa de “normalizar” esse tipo de declaração é, por si só, perigosa. Flávio não fez uma suposição hipotética. Ele descreveu um roteiro de ruptura institucional com detalhes e justificativas, em nome da autoproteção da família Bolsonaro e seus aliados. Usou o mesmo velho discurso do “perigo comunista”, da “ameaça petista” e da “salvação nacional” para, mais uma vez, pavimentar o terreno do autoritarismo.


O que está em jogo não é apenas a eleição de 2026, mas o próprio modelo de República que o Brasil deseja preservar. Quando um senador da República trata a obediência à Constituição como algo opcional e sugere que a força deve substituir a legalidade, não se trata de divergência política — é uma ameaça ao Estado democrático de Direito.


Flávio Bolsonaro expôs o projeto real do bolsonarismo: voltar ao poder nem que para isso seja necessário atropelar o Judiciário, violentar a Constituição e instaurar um governo autoritário. O silêncio institucional diante disso é, mais do que cumplicidade, um risco direto à democracia brasileira.

com informações Intercept Brasil


Foto Eduardo Anizelli/ Folhapress

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