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Fotógrafa Gabriela Biló sofre ataques após registrar imagem de ato golpista em 8 de janeiro

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 23 de mar.
  • 3 min de leitura

A jornalista e fotógrafa Gabriela Biló tem sido alvo de uma campanha de difamação e ataques coordenados por grupos bolsonaristas após a divulgação da imagem que flagrou a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos pichando a estátua da deusa Têmis, símbolo da Justiça, durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.


A fotografia, que se tornou um dos ícones da destruição promovida por extremistas em Brasília, foi essencial para identificar os envolvidos na invasão e compõe as provas utilizadas no julgamento que ocorre no Supremo Tribunal Federal (STF).


Desde que o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, divulgou seu voto condenando Débora a 14 anos de prisão, os ataques contra Gabriela Biló se intensificaram. Perfis bolsonaristas nas redes sociais passaram a disseminar desinformação e a promover ameaças contra a fotógrafa, questionando a veracidade da imagem e acusando-a de “militância política”.


“Gabriela Biló é a fotojornalista que entregou a manicure Débora para o Alexandre de Moraes”, escreveu um usuário em tom de acusação na rede social X (antigo Twitter). Em outro caso, uma seguidora afirmou: “A mão de Deus cairá sobre você como você caiu em cima da Débora”. Além disso, vídeos circulam em canais bolsonaristas “denunciando” a profissional em um claro esforço de intimidação.


Tática recorrente de perseguição


Os ataques à jornalista seguem um padrão já conhecido da extrema-direita: ao invés de contestar os fatos com argumentos ou provas, apoiadores do ex-presidente optam por desqualificar e perseguir quem expõe a realidade.


A perseguição a Gabriela Biló não é um episódio isolado. Desde o governo Bolsonaro, jornalistas — especialmente mulheres — têm sido alvos frequentes de campanhas de ódio, linchamentos virtuais e ameaças diretas, muitas vezes estimuladas por figuras públicas ligadas ao bolsonarismo.


A condenação de Débora e os crimes em julgamento


Um dos principais argumentos usados para defender Débora nas redes sociais é o de que “14 anos de prisão por pichar uma estátua” seria uma punição desproporcional. No entanto, a pichação representa apenas um dos atos em uma série de crimes articulados contra o Estado Democrático de Direito.


Desde o fim das eleições de 2022, Débora participou de acampamentos em frente a quartéis defendendo intervenção militar e, no dia 8 de janeiro, integrou a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília.


O STF não julga um ato isolado, mas um conjunto de crimes cometidos de forma organizada e violenta, que incluem:

Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal);

Tentativa de golpe de Estado (art. 359-M do Código Penal);

Dano qualificado com violência (art. 163, parágrafo único, incisos I, III e IV);

Associação criminosa armada (art. 288, parágrafo único, do Código Penal);

Deterioração de patrimônio tombado (art. 62, I, da Lei 9.605/98).


A pena de 14 anos de prisão decorre do concurso material entre esses crimes, ou seja, a soma das penas para cada infração cometida. Em seu voto, o ministro Alexandre de Moraes destacou que “o desencadeamento violento da empreitada criminosa afasta a possibilidade de que a denunciada tenha ingressado na Praça dos Três Poderes de maneira incauta”.


A guerra contra os fatos


A ofensiva bolsonarista contra Gabriela Biló é mais um capítulo da estratégia de ataque sistemático à imprensa e à realidade dos fatos. A fotografia, que documenta um crime em andamento, serviu como prova legítima em um processo conduzido dentro dos parâmetros legais.


Enquanto a Justiça avança no julgamento dos responsáveis pelos atos golpistas, profissionais como Gabriela Biló seguem na linha de frente do compromisso com a verdade — mesmo sob ameaças e tentativas de intimidação.



 
 
 

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