Fraudes no INSS agravaram fila de espera e sobrecarregaram sistema, aponta PF
- Marcus Modesto
- 29 de abr.
- 2 min de leitura
Um relatório da Polícia Federal enviado à Justiça revela que o esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) teve impacto direto no aumento da fila de atendimento a beneficiários. Segundo as investigações, além de causar prejuízos financeiros, as irregularidades comprometeram o andamento de pedidos legítimos e sobrecarregaram a estrutura do órgão.
A fila do INSS voltou a crescer em 2024, em paralelo à intensificação dos golpes envolvendo descontos indevidos de mensalidades associativas e sindicais nos benefícios. O problema levou o governo federal, neste mês, a editar uma Medida Provisória que restabelece o pagamento de bônus aos peritos médicos, numa tentativa de acelerar a análise dos processos acumulados.
No relatório, a PF dedica uma seção exclusiva ao tema: “Impacto negativo na fila de requerimentos do INSS”. Os dados mostram que, entre janeiro de 2023 e maio de 2024, foram registrados quase 2 milhões de pedidos para excluir ou bloquear esses descontos — uma demanda que representou cerca de 16,6% do total de requerimentos da Central Especializada de Atendimento de Benefícios – Manutenção (CEAB-MAN).
O impacto operacional também foi quantificado: os mais de 1,1 milhão de pedidos de exclusão consumiram aproximadamente 392 mil horas de trabalho, o que equivale a cerca de 49 mil dias de serviço de um servidor público com jornada de 8 horas diárias.
A PF destaca ainda a gravidade da situação: em 90,78% dos pedidos, os próprios beneficiários afirmaram não ter autorizado os descontos. “Mais de um milhão de requerimentos poderiam ter sido evitados se o regramento tivesse sido cumprido pelo INSS e pelas entidades associativas”, aponta o documento.
As investigações seguem em curso e já provocaram afastamentos e demissões de servidores, incluindo a exoneração do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, na semana passada.

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