Fugitivas dos Atos de 8 de Janeiro são Presas ao Tentar Entrar Ilegalmente nos EUA Após Posse de Trump
- Marcus Modesto
- 17 de mar.
- 4 min de leitura
Ao menos quatro mulheres, acusadas de participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, foram presas ao tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Três delas foram detidas no dia seguinte à posse de Donald Trump, em janeiro deste ano. A informação foi confirmada pela ICE (Imigração e Alfândega dos EUA) ao portal UOL, que declarou que as foragidas “aguardam a expulsão para seus países de origem”.
As detidas incluem três mulheres já condenadas por crimes relacionados à invasão dos Três Poderes em Brasília, como tentativa de golpe de Estado e dano ao patrimônio público, além de uma ré com mandados de prisão em aberto no Brasil. Elas estão sob custódia em unidades de detenção da ICE no Texas há mais de 50 dias.
Prisão na Fronteira
De acordo com o serviço de patrulhamento das fronteiras dos EUA, as prisões ocorreram porque as mulheres tentaram ingressar no país de forma irregular. Por motivos de privacidade, as autoridades não detalharam as circunstâncias específicas da abordagem, como se a captura ocorreu em postos de imigração ou em áreas de travessia clandestina, onde a entrada costuma ser intermediada por coiotes.
As quatro mulheres faziam parte de um grupo de militantes que deixou o Brasil no primeiro semestre de 2024 e se refugiou na Argentina. Com o avanço dos pedidos de extradição pelo STF (Supremo Tribunal Federal), fugiram novamente no final do ano, desta vez em direção aos Estados Unidos. A intenção seria buscar refúgio político no governo de Donald Trump, conhecido por sua aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A ICE informou que as detenções ocorreram em dois momentos distintos:
• Raquel Souza Lopes, 51 anos, de Joinville (SC), foi presa em 12 de janeiro na cidade de La Grulla, no Texas. Atualmente, está na Unidade de Detenção da ICE em Raymondville.
• Rosana Maciel Gomes, 51 anos, de Goiânia (GO), Michely Paiva Alves, 38 anos, de Limeira (SP), e Cristiane da Silva, 33 anos, de Balneário Camboriú (SC), foram detidas juntas em 21 de janeiro ao tentar cruzar a fronteira por El Paso, a mais de 1.100 km a oeste de La Grulla. As três estão detidas em uma unidade da ICE na mesma cidade.
Deportações em Massa
As prisões ocorreram um dia após Donald Trump assumir novamente a presidência dos Estados Unidos. Em seu discurso de posse, Trump reforçou a promessa de intensificar as deportações de imigrantes ilegais.
“Toda entrada ilegal será imediatamente interrompida, e começaremos o processo de devolver milhões e milhões de criminosos estrangeiros aos lugares de onde vieram”, declarou o presidente.
As mulheres foram submetidas ao processo de “expulsão acelerada”, um mecanismo que permite a deportação rápida de estrangeiros sem a necessidade de audiência perante um juiz de imigração, conforme explicou a organização Liberdade para os Imigrantes, que atua contra prisões relacionadas à imigração.
Quem São as Fugitivas?
Raquel Souza Lopes, 51 anos – Joinville (SC)
• Condenada a 17 anos de prisão por cinco crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado e associação criminosa.
• Deixou o Brasil em abril de 2024, passando por Argentina, Chile, Peru e Colômbia antes de chegar ao México.
• Foi presa em 12 de janeiro em La Grulla, Texas, e transferida para a unidade da ICE em Raymondville.
• Sua defesa afirma que ela não praticou atos de vandalismo.
Rosana Maciel Gomes, 51 anos – Goiânia (GO)
• Condenada a 14 anos de prisão por participação nos atos golpistas.
• Fugiu para o Uruguai em janeiro de 2024 e, em seguida, para a Argentina.
• Presa em 21 de janeiro em El Paso, Texas.
• Sua defesa argumenta que Rosana entrou em choque ao ver a depredação no Palácio do Planalto e nega envolvimento direto na destruição.
Michely Paiva Alves, 38 anos – Limeira (SP)
• Ré por cinco crimes relacionados ao 8 de janeiro.
• Acusada de organizar e financiar um ônibus para levar militantes de Limeira a Brasília.
• Fugiu para a Argentina em setembro de 2024 e depois atravessou Peru, Colômbia e México até ser presa em 21 de janeiro em El Paso.
• Sua defesa nega que ela tenha depredado prédios públicos ou participado de atos criminosos.
Cristiane da Silva, 33 anos – Balneário Camboriú (SC)
• Condenada a um ano de prisão por associação criminosa e incitação ao crime.
• Fugiu para a Argentina em junho de 2024 e seguiu a mesma rota até ser detida em 21 de janeiro em El Paso.
• Afirma ter viajado a Brasília apenas para “passear” e nega envolvimento com os atos golpistas.
Outros Foragidos
Segundo informações de autoridades estrangeiras, outros participantes dos atos de 8 de janeiro permanecem foragidos em países como Argentina, Colômbia e Peru. Esses militantes afirmam serem perseguidos políticos por apoiarem Jair Bolsonaro e negam terem cometido crimes de tentativa de golpe de Estado ou dano ao patrimônio público.
A Asfav (Associação dos Investigados e Familiares dos Atos de 8 de Janeiro) alega que as penas aplicadas pelo STF são excessivas e que as acusações são fruto de uma narrativa política.
O Itamaraty afirmou que, por razões legais, não fornece informações detalhadas sobre a assistência a cidadãos brasileiros detidos no exterior.
As quatro mulheres aguardam os trâmites finais para a deportação e, caso retornem ao Brasil, devem ser presas imediatamente para o cumprimento de suas

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