Gilvan da Federal é suspenso por 90 dias após ofensas a Gleisi Hoffmann e declarações polêmicas
- Marcus Modesto
- 6 de mai.
- 2 min de leitura
Decisão do Conselho de Ética da Câmara foi aprovada por ampla maioria; deputado não vai recorrer e será afastado de forma imediata
Brasília – O deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES) teve seu mandato suspenso por 90 dias, após decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (6). Por 15 votos a 4, os parlamentares aprovaram o parecer do relator Ricardo Maia (MDB-BA), que recomendou o afastamento em razão de ofensas dirigidas à ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT).
A punição é considerada inédita no conselho em formato cautelar, sem a abertura de uma representação tradicional. Gilvan, por sua vez, decidiu não recorrer ao plenário da Câmara, o que torna a medida efetiva imediatamente. Mesmo suspenso, ele não perde o gabinete e nem a remuneração, nem abre espaço para um suplente.
O episódio que motivou a sanção ocorreu em 29 de abril, durante reunião da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Ao citar a operação Lava Jato, Gilvan fez referência indireta a Gleisi usando termos considerados ofensivos. A ministra, à época senadora, chegou a ser citada em delações, mas foi absolvida das acusações.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), assinou o pedido de medida cautelar alegando quebra de decoro e conduta incompatível com o exercício parlamentar. No relatório, Maia destacou que as falas do deputado extrapolaram a liberdade de expressão e foram consideradas abusivas e desrespeitosas.
Antes da votação, o relator chegou a sugerir uma suspensão de seis meses, mas recuou para três, após acordo nos bastidores, inclusive com a base governista. A postura de Gilvan, que reconheceu o excesso e demonstrou arrependimento em plenário, também contribuiu para a redução da pena.
“Mesmo sendo atacado ou provocado, assumo o compromisso de não repetir esse tipo de fala. Reconheço que exagerei e aceito a punição”, disse o deputado, em discurso antes da deliberação do conselho.
Essa não foi a primeira declaração polêmica de Gilvan. Em abril, o parlamentar afirmou publicamente desejar a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o que levou a Advocacia-Geral da União a solicitar investigação à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República por possível incitação ao crime.
Diante da repercussão, o deputado recuou: “Um cristão não deve desejar a morte de ninguém. Exagerei. Peço desculpas.”
A suspensão de Gilvan acende um alerta dentro da Câmara sobre os limites da imunidade parlamentar e o tom dos discursos no plenário. Segundo Motta, atitudes como a do deputado “mancham a imagem da Casa e precisam de uma resposta firme”.

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