Glauber Braga deve encerrar greve de fome após sinalização política de Hugo Motta
- Marcus Modesto
- 17 de abr.
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O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) deve anunciar nesta quinta-feira (17) o fim da greve de fome iniciada há oito dias, após receber um aceno político do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). A informação é da Folha de S.Paulo, que apurou junto a parlamentares próximos ao congressista que a decisão está ligada à possibilidade de suspensão temporária do processo que pode levar à cassação de seu mandato.
A expectativa é que Motta se manifeste oficialmente ainda nesta tarde, indicando disposição para interromper o andamento do caso por 60 dias, após análise de recurso que será apresentado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A pausa abriria espaço para negociações que busquem uma penalidade alternativa à cassação, como advertência ou suspensão.
Glauber iniciou a greve de fome no último dia 9, logo após o Conselho de Ética da Câmara aprovar, por 13 votos a 5, parecer favorável à sua cassação. A decisão foi motivada por um episódio ocorrido em abril de 2024, quando o deputado agrediu fisicamente um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) dentro das dependências da Casa.
Desde então, o parlamentar permaneceu em vigília no plenário 5 da Câmara, onde improvisou um colchão e passou a maior parte do tempo ingerindo apenas água, soro e bebidas isotônicas. “Essa luta não é só por mim. É contra uma escalada autoritária que tenta silenciar as vozes dissonantes”, declarou Glauber no início do protesto.
O gesto de recuo de Hugo Motta ocorre após tentativas frustradas de articulação feitas por integrantes do PSOL e do PT, que buscavam uma solução política para evitar a cassação. A resistência, no entanto, partia do centrão — grupo majoritário na Câmara e com peso decisivo sobre os rumos do processo.
Caso o mandato seja cassado, será a primeira vez que um deputado perde o cargo por agressão física no plenário. Apesar de episódios anteriores envolvendo violência entre parlamentares ou até denúncias de violência doméstica, nenhuma dessas situações resultou em perda de mandato.
Antes de ir ao plenário, o caso ainda depende da análise da CCJ, que deve verificar se o trâmite no Conselho de Ética seguiu as normas regimentais. Se forem encontradas irregularidades, o processo poderá ser devolvido para reavaliação.
O PSOL convocou uma entrevista coletiva para a tarde desta quinta-feira, ocasião em que deve ser oficializado o fim da greve e detalhada a proposta de suspensão do trâmite. A movimentação revela um esforço para conter o desgaste político e evitar que o episódio evolua para uma crise institucional com reflexos fora do Congresso.

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