Governadores resistem à redução do ICMS e ignoram impacto da alta dos alimentos
- Marcus Modesto
- 8 de mar.
- 2 min de leitura
Diante da disparada dos preços dos alimentos, o governo federal propôs uma redução do ICMS sobre itens da cesta básica, mas foi recebido com forte resistência por parte de governadores, especialmente daqueles que enfrentam crises fiscais. Em vez de discutir alternativas para aliviar o bolso da população, os gestores estaduais se apressaram em rejeitar a ideia, alegando inviabilidade financeira e jogando a responsabilidade de resolver o problema exclusivamente para Brasília.
O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, sugeriu que a isenção só seria possível se o governo federal também cortasse impostos como IR e CSLL e reduzisse os juros. No entanto, o ICMS é um imposto estadual e sua redução imediata poderia ter um efeito direto nos preços dos alimentos, beneficiando milhões de brasileiros. Ao condicionar a medida a uma série de mudanças macroeconômicas, Mendes praticamente fecha as portas para qualquer negociação.
O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, foi ainda mais duro, acusando o governo federal de tentar transferir responsabilidades. Mas a pergunta que fica é: os estados não têm nenhuma responsabilidade na contenção da inflação alimentar? Alegar que a perda de arrecadação precisaria ser compensada por aumentos de outros impostos demonstra que a prioridade não é o consumidor, e sim manter a máquina pública inchada e dependente da alta tributação.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou que um corte de ICMS para toda a população teria um impacto bilionário. No entanto, já existem estados que reduziram o imposto sem comprometer suas contas, como Maranhão e São Paulo. Por que alguns conseguem e outros não? Se há uma crise fiscal, a solução deveria passar pela revisão de gastos e privilégios antes de simplesmente rejeitar uma medida que poderia aliviar o custo de vida da população.
Já Ronaldo Caiado, governador de Goiás, seguiu outro caminho e argumentou que a redução do imposto de importação para alimentos prejudicaria os produtores nacionais. Mas e os consumidores, que lidam diariamente com preços abusivos? A defesa da indústria local não pode servir de desculpa para impedir que a população tenha acesso a produtos mais baratos.
O debate expõe uma contradição: enquanto os estados cobram apoio federal para resolver seus problemas fiscais, rejeitam qualquer ação que possa comprometer sua arrecadação, ainda que beneficie a população. A crise econômica exige soluções conjuntas, e simplesmente recusar a proposta sem apresentar alternativas demonstra que, para muitos governadores, a prioridade continua sendo o caixa estadual, e não o custo de vida do cidadão.

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