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Governo Lula enfrenta crise de lealdade com base aliada após apoio a urgência de projeto de anistia a golpistas

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 14 de abr.
  • 2 min de leitura

Brasília – O Palácio do Planalto se vê em uma situação desconfortável e politicamente delicada após a revelação de que mais de cem parlamentares de partidos da base aliada assinaram o requerimento de urgência para tramitação do projeto de anistia aos envolvidos nos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. A proposta, articulada por bolsonaristas, ganhou força e já acumula 265 assinaturas — superando o número mínimo de 257 necessário para que a matéria vá direto ao plenário da Câmara.


A reação do governo foi imediata e marcada por indignação. Ministros e líderes governistas iniciaram uma ofensiva para conter o que enxergam como uma traição de aliados que, mesmo ocupando cargos na Esplanada dos Ministérios ou em estatais, decidiram apoiar um projeto que, na visão do Planalto, afronta os princípios democráticos e ameaça a estabilidade institucional do país.


Entre os partidos com maior número de assinaturas estão MDB, União Brasil, PP, PSD e Republicanos, todos com representantes no primeiro escalão do governo. Também aparecem nomes do Podemos, que controla a Geap — plano de saúde de servidores públicos. O que se vê é uma base frágil, em que o pragmatismo político parece ter falado mais alto que a coerência ideológica.


A crise expõe um dilema para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva: até que ponto é possível manter uma base ampla, mas heterogênea, sem comprometer a fidelidade mínima necessária à defesa de princípios fundamentais como a responsabilização de envolvidos em atos golpistas?


Ministros vêm realizando reuniões reservadas com lideranças partidárias, alertando sobre possíveis retaliações políticas, como a perda de cargos e verbas, caso o apoio à proposta seja mantido. No entorno de Lula, a avaliação é dura: “É inconcebível que partidos que integram o governo apoiem uma anistia para golpistas que tentaram destruir a democracia e assassinar o próprio presidente”, afirmou um assessor palaciano.


O episódio escancara não só as fragilidades do presidencialismo de coalizão, mas também o cálculo político de parte do Congresso, onde o apoio a pautas bolsonaristas pode render dividendos eleitorais, mesmo à custa da integridade institucional. A reunião do colégio de líderes, prevista para a semana de 21 de abril, será decisiva: até lá, o governo tentará convencer aliados a retirarem suas assinaturas e barrar o avanço do projeto.


A crise de lealdade é mais um teste para a articulação política do governo Lula — que, ao adotar uma base ampla para garantir governabilidade, agora se vê cercado por aliados ambíguos, que flertam com propostas que minam o próprio governo do qual fazem parte.



 
 
 

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