Helder Barbalho afirma que Rio de Janeiro virou “polo exportador de criminosos” e defende coalizão nacional contra o crime organizado
- Marcus Modesto
- 29 de mai.
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O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), fez duras críticas à segurança pública do Rio de Janeiro durante audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (28). Segundo ele, o Rio se transformou em um “polo exportador de criminosos” para outros estados do país.
Barbalho defendeu a criação de uma coalizão nacional que una estados, governo federal e municípios no combate às facções criminosas. Segundo ele, o enfrentamento isolado não é mais capaz de conter a atuação das organizações, que operam em rede, atravessando fronteiras estaduais.
“Antigamente, as facções comandavam suas ações de dentro dos presídios. Hoje, como a maioria dos estados resolveu essa questão, os comandos passaram a operar diretamente das favelas do Rio de Janeiro, de onde são articuladas ações criminosas em pelo menos 23 estados brasileiros”, afirmou o governador.
O governador paraense também destacou que buscou dialogar diretamente com o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e com o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD), para esclarecer que não se trata de um pedido de intervenção federal, mas de uma proposta de enfrentamento articulado e conjunto.
Nos bastidores, no entanto, a fala foi considerada “dura demais” por membros do governo fluminense, segundo apuração do blog do jornalista Octavio Guedes, no g1.
Criminosos migrando para o Rio
Dados da Polícia Civil do Pará apontam que cerca de 80 criminosos foragidos da Justiça paraense fugiram para o Rio de Janeiro, onde estariam escondidos em comunidades controladas pelo Comando Vermelho, facção que domina boa parte do tráfico de drogas e outras atividades ilícitas no estado fluminense.
Em operações conjuntas entre as polícias dos dois estados, foram presos sequestradores, assaltantes e traficantes ligados às quadrilhas que operam tanto no Norte quanto no Sudeste do país.
Um dos casos que chamou a atenção ocorreu em dezembro de 2024, quando uma grande operação desmantelou um call center clandestino no Complexo da Penha, Zona Norte do Rio. Segundo as investigações, o local funcionava como centro de comando do Comando Vermelho, de onde partiam ordens para ações criminosas em vários estados.
Coalizão nacional contra o crime
Para Helder Barbalho, a resposta precisa ser nacional. “O crime não respeita fronteiras estaduais. Por isso, não podemos combatê-lo de forma isolada. É necessária uma articulação efetiva entre os estados, o governo federal e as prefeituras, para que possamos sufocar essas organizações que atuam em todo o Brasil”, defendeu.
O governador reforçou ainda que a escalada do crime organizado no país exige uma mudança estrutural na política de segurança pública, com mais investimentos, inteligência integrada e atuação conjunta entre as forças policiais e o Judiciário.
O governo do Rio de Janeiro ainda não se manifestou oficialmente sobre as declarações.

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