“Homens-planta do tráfico”: Megaoperação expõe poder bélico e preparo militar de facções no Rio
- Marcus Modesto
- há 4 horas
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Oficiais da Polícia Militar relataram ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que entre 500 e 800 criminosos fortemente armados participaram da Megaoperação Contenção, realizada em 28 de outubro nos complexos da Penha e do Alemão, na capital fluminense. Segundo os depoimentos obtidos pelo g1, os traficantes usaram drones e roupas camufladas do tipo ghillie — traje usado por atiradores de elite em guerras —, o que transformou a área urbana em um cenário de combate militar.
Camuflagem de guerra nas favelas
De acordo com o capitão Jansen Jonathas de Albuquerque Ferret, do Bope, ao menos dois criminosos foram filmados usando os trajes camuflados. As roupas, semelhantes à vegetação, possuem franjas e folhagens artificiais que confundem a visão humana e dificultam a detecção até mesmo por câmeras térmicas.
“O uso desse tipo de equipamento demonstra um alto grau de organização e treinamento militar das facções criminosas”, afirmou o oficial.
A estratégia, até então incomum no contexto urbano, evidencia uma adaptação das facções ao avanço das forças de segurança e ao uso crescente de tecnologia por parte do Estado.
Confronto prolongado e alta letalidade
O subsecretário de Gestão Operacional da PM, coronel Ranulfo Souza Brandão Filho, estimou que centenas de criminosos participaram do confronto, descrito por ele como de “alta letalidade esperada”.
A operação, que estava prevista para durar cerca de seis horas, se estendeu por mais de 17 horas, sem interrupção nos tiroteios.
De acordo com o comandante do Bope, tenente-coronel Marcelo de Castro Corbage, “não houve um minuto sem troca de tiros” durante toda a ação.
MPRJ apura preparo das facções e conduta policial
Os depoimentos dos oficiais reforçaram ao Ministério Público a necessidade de investigar não apenas o poder de fogo e o preparo militar das facções, mas também a proporcionalidade da força empregada pelas polícias.
A Megaoperação Contenção terminou com 121 mortos, incluindo quatro policiais, tornando-se um dos episódios mais letais da história recente da segurança pública no Rio de Janeiro.
Escalada de violência e ausência de estratégia civil
A ação reacende o debate sobre os limites das operações de confronto em áreas densamente povoadas e o fracasso das políticas públicas voltadas para prevenção e inteligência. Enquanto o Estado investe em respostas armadas, o crime organizado parece avançar em sofisticação tática e estrutura bélica, revelando que o enfrentamento no Rio já ultrapassa as fronteiras do policiamento convencional — e assume contornos de guerra urbana.




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