Hugo Motta e a Vergonhosa Tentativa de Minimizar um Ataque à Democracia

Marcus Modesto

As recentes declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, minimizando os ataques de 8 de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes, são profundamente preocupantes e revelam uma alarmante desconexão com a realidade dos fatos. Ao afirmar que tais eventos não configuram uma tentativa de golpe de Estado, Motta demonstra uma perigosa complacência com atos que ameaçam diretamente a democracia brasileira.

Em entrevista à rádio Arapuan, Motta declarou: “O que aconteceu não pode ser admitido novamente, foi uma agressão às instituições. Agora, querer dizer que foi um golpe… Golpe tem que ter um líder, uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, e não teve isso” . Essa visão simplista ignora o contexto e a gravidade dos acontecimentos, nos quais manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, clamando pela destituição de um governo democraticamente eleito.

Ao minimizar a gravidade dos ataques e sugerir que não houve uma tentativa de golpe devido à ausência de um “líder” ou “apoio de outras instituições”, Motta desconsidera evidências de coordenação e incitação por parte de figuras públicas e grupos organizados. Além disso, sua crítica às penas aplicadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), alegando “desequilíbrio” nas condenações, soa como uma tentativa de deslegitimar o trabalho do Judiciário na responsabilização dos envolvidos .

É inadmissível que o presidente da Câmara dos Deputados adote uma postura que relativiza ataques tão graves às instituições democráticas. Suas declarações não apenas desrespeitam a memória dos eventos, mas também enfraquecem os esforços para

garantir que episódios semelhantes não se repitam. A liderança da Câmara deve ser firme na defesa da democracia e na condenação inequívoca de qualquer tentativa de subversão da ordem constitucional.

As palavras de Hugo Motta representam um desserviço à nação e colocam em xeque seu compromisso com os princípios democráticos que jurou defender. É imperativo que líderes políticos reconheçam a gravidade dos ataques de 8 de janeiro e trabalhem incansavelmente para fortalecer, e não minar, as instituições que sustentam nossa democracia.