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Hugo Motta trai acordo com o governo e expõe fragilidade da base aliada na Câmara

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 14 de jun.
  • 2 min de leitura

A surpreendente guinada do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), ao pautar a urgência do projeto que suspende o decreto do governo sobre o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), provocou um terremoto político em Brasília. O gesto foi visto por aliados do Palácio do Planalto como uma quebra de compromisso — e, para muitos, uma traição explícita.


A decisão contraria acertos feitos dias antes com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e representantes do Senado, durante as negociações do novo arcabouço fiscal. O decreto do IOF integra um dos pilares da política econômica do governo Lula (PT), e sua derrubada, ainda que por urgência, compromete diretamente a narrativa de responsabilidade fiscal que o Planalto tenta sustentar.


Até o domingo anterior à reviravolta, Motta ainda posava de aliado. Após uma reunião com a equipe econômica, chegou a classificar o encontro como uma “noite histórica”. No entanto, na manhã seguinte, surpreendeu ao colocar a urgência do projeto em pauta, abrindo espaço para a derrota do governo no plenário. Nos bastidores, o gesto foi interpretado como resposta à pressão de líderes do centrão, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI), crítico constante da condução econômica do Executivo.


Parlamentares da base governista não esconderam a indignação. Acusam Motta de ter recuado sob pressão e de falta de firmeza política. A comparação com Arthur Lira (PP-AL), seu antecessor, se intensificou. Embora Lira fosse criticado pelo estilo impositivo, mantinha compromissos — o que Motta, até aqui, não demonstrou.


“Hugo Motta conversa bem, mas não segura o tranco. Se não tiver pulso, vai ser engolido pelo centrão”, comentou um deputado aliado ao governo, sob reserva.


A atitude também colocou em xeque a credibilidade de Motta como articulador político. Fontes da equipe econômica relataram frustração com o que chamaram de “virada sem aviso”, após reuniões consideradas produtivas e com apoio mútuo. “Se fosse só um gesto simbólico, ainda vá. Mas do jeito que foi, passou da conta”, avaliou um interlocutor do Planalto.


A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, deve manter o discurso de conciliação publicamente, mas nos bastidores, o clima é de desconfiança. Segundo aliados, Gleisi se sentiu pessoalmente traída pela condução do processo.


Para conter os danos, Lula já avalia retomar a articulação direta com o Congresso. Com uma base frágil e minoria clara na Câmara, o presidente terá que enfrentar mais uma batalha para preservar a governabilidade e impedir que novas traições comprometam projetos estratégicos.


A votação sobre o decreto do IOF se transformou em um teste de fidelidade dentro da base e, principalmente, em um sinal claro de que Hugo Motta ainda precisa provar se está à altura do cargo que ocupa — ou se será apenas mais uma peça a serviço do jogo político do centrão.


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