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Invasão ao Hospital Pedro II expõe o colapso da segurança pública no Rio

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 18 de set.
  • 2 min de leitura

Na madrugada desta quinta-feira (18), cerca de oito homens armados invadiram o Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. O alvo era Lucas Fernandes Alegado, paciente internado após sobreviver a uma tentativa de homicídio com nove tiros. O grupo, que segundo a Polícia Militar teria ligação com milicianos, rendeu seguranças e percorreu a unidade em busca do homem, mas não o encontrou, já que ele havia sido transferido da sala cirúrgica para a enfermaria.


A Polícia Civil agora investiga se a ação foi uma tentativa de execução ou de resgate. Enquanto isso, o episódio expõe — mais uma vez — a absoluta vulnerabilidade de hospitais públicos diante da força de grupos armados que se comportam como donos de territórios.


O hospital como campo de guerra


Não é a primeira vez que criminosos transformam unidades de saúde em cenário de terror. O Rio já registrou invasões semelhantes em 2014, no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, e em 2016, no Hospital Souza Aguiar, no Centro. Nessas ocasiões, pacientes e funcionários ficaram sob ameaça de fuzis, em ações que resultaram em mortos e feridos.


A repetição desses episódios revela uma rotina de desprezo pela vida e pela ordem pública. Hospitais deveriam ser espaços de proteção e cuidado, mas acabam convertidos em arenas de disputa entre facções, milícias e o Estado — quase sempre ausente.


A normalização da barbárie


O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, classificou a invasão como “situação completamente absurda”, lembrando que 516 unidades de saúde já interromperam o atendimento neste ano por questões de segurança. O número, que deveria causar indignação nacional, é tratado como mais uma estatística de um cotidiano naturalizado pela violência.


Enquanto pacientes em estado grave dependem de atendimento emergencial, médicos e enfermeiros trabalham sob o risco de serem feitos reféns em meio a confrontos de grupos armados. É um cenário de guerra urbana em que o Estado parece incapaz de proteger nem mesmo seus espaços mais vitais.


A falência do poder público


A cada nova invasão, as autoridades repetem discursos de repúdio e promessas de investigação. Mas o ciclo permanece: criminosos entram em hospitais com facilidade, seguranças são rendidos sem resistência, e vidas ficam à mercê da sorte.


O caso do Hospital Pedro II escancara que não há política pública eficaz para impedir que bandos armados tratem a cidade como território livre. O que está em jogo não é apenas a segurança das unidades de saúde, mas a própria credibilidade do Estado em garantir um mínimo de ordem e proteção à população.


Enquanto a resposta for apenas reativa, o Rio continuará assistindo à cena inaceitável de criminosos ditando as regras até dentro de hospitais — e a sociedade seguirá refém da omissão do poder público.

Foto Reprodução

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