Israel e EUA deixam o Conselho de Direitos Humanos da ONU em meio a tensões sobre Gaza
- Marcus Modesto
- 6 de fev.
- 2 min de leitura
Internacional:
Israel anunciou nesta quinta-feira (6) sua saída do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, poucos dias após os Estados Unidos tomarem a mesma decisão. O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, justificou a retirada alegando um “viés contínuo e implacável contra Israel” desde a criação do órgão em 2006. A decisão foi comunicada ao presidente do CDH, Jorg Lauber, em uma carta publicada no X (antigo Twitter).
A relatora especial da ONU, Francesca Albanese, classificou a saída de Israel como “extremamente grave”. O CDH foi criado para monitorar violações de direitos humanos e promover liberdades fundamentais, incluindo os direitos das mulheres e da população LGBTQIAP+.
Trump rompe com CDH e sugere deslocamento de palestinos
Na terça-feira (4), o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva retirando o país do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Ele também reafirmou a suspensão do financiamento à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA), principal entidade de ajuda humanitária aos palestinos.
Durante a assinatura dos decretos, Trump declarou que os palestinos que vivem na Faixa de Gaza deveriam deixar o território. A proposta, vista como uma forma de limpeza étnica por especialistas em direito internacional, foi bem recebida por setores da extrema direita israelense, mas gerou forte reação da comunidade internacional.
Na mesma semana, Trump discutiu a situação com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e afirmou que os EUA deveriam “assumir” o controle de Gaza após o conflito. Após críticas, a Casa Branca tentou moderar o discurso, mas o ex-presidente insistiu na ideia, afirmando que transformar Gaza sob controle americano seria “um dos empreendimentos mais espetaculares da Terra”.
A crise humanitária e o risco de apagamento palestino
A guerra entre Israel e Hamas, temporariamente interrompida em janeiro por um cessar-fogo, já causou mais de 40 mil mortes e uma crise humanitária sem precedentes. Até o fim de 2023, os Estados Unidos defendiam a criação de um Estado palestino e uma solução pacífica para o conflito. No entanto, as recentes declarações de Trump levantam preocupações sobre um deslocamento forçado em massa, que poderia inviabilizar a soberania palestina.
No sábado, Trump conversou com o rei Abdullah da Jordânia e sugeriu que o país acolhesse refugiados palestinos. A proposta foi imediatamente rejeitada pelo ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi:
— Nossa rejeição ao deslocamento dos palestinos é firme e não mudará. A Jordânia é para os jordanianos e a Palestina é para os palestinos.
Por outro lado, a ideia foi celebrada pelo ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, que defende a anexação total dos territórios palestinos por Israel. Smotrich, um dos principais nomes da extrema direita israelense, disse que “ajudar os palestinos a recomeçarem suas vidas em outro lugar é uma excelente ideia”.
A posição de Smotrich reflete o avanço de setores do governo israelense que rejeitam qualquer negociação sobre a criação de um Estado palestino. O desmantelamento da UNRWA e a retirada de Israel do CDH da ONU fortalecem essa visão, dificultando ainda mais uma solução diplomática para o conflito.

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