Israel inicia retirada de tropas de Gaza após cessar-fogo com o Hamas
- Marcus Modesto
- 10 de out.
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O Exército de Israel anunciou nesta sexta-feira (10) o início da retirada de suas tropas da Faixa de Gaza, um dia após a aprovação do cessar-fogo firmado com o Hamas. O acordo, mediado por Egito, Estados Unidos, Turquia e Qatar, entrou em vigor às 6h (horário de Brasília) e representa o primeiro avanço concreto em direção à paz após dois anos de conflito.
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se reuniu na noite anterior para aprovar a trégua, já aceita pelo grupo palestino. Em comunicado, as Forças de Defesa de Israel afirmaram que “desde este meio-dia, as tropas começaram a se posicionar ao longo das linhas de retirada, em preparação para o retorno dos reféns”.
Troca de reféns e prisioneiros
A trégua é a primeira fase de um acordo mais amplo, que prevê a libertação dos 48 reféns israelenses ainda mantidos em cativeiro, sendo 20 considerados vivos, segundo estimativas oficiais. Em contrapartida, Israel deverá libertar prisioneiros palestinos indicados pelo Hamas.
O porta-voz do Hamas, Taher al-Nunu, afirmou que a lista de prisioneiros “segue critérios e números acordados” e que as negociações continuam. Segundo proposta dos Estados Unidos, Israel deve liberar cerca de 250 prisioneiros e 1.700 detidos desde o início da guerra, com prioridade para mulheres e crianças palestinas presas desde 7 de outubro de 2023.
Celebrações e balanço da guerra
Em várias cidades palestinas, moradores saíram às ruas para comemorar o cessar-fogo. Imagens de acampamentos iluminados por fogos de artifício circularam nas redes sociais, enquanto alto-falantes anunciavam “o fim da agressão”. Em Israel, famílias se reuniram na Praça dos Reféns, em Tel Aviv, em um ato de esperança pelo reencontro com parentes.
Desde o início do conflito, mais de 60 mil palestinos e cerca de 1.200 israelenses morreram, segundo balanços de agências humanitárias e do governo israelense.
Presença internacional nas negociações
Após a aprovação da trégua, Netanyahu se reuniu em Tel Aviv com representantes dos Estados Unidos, incluindo o enviado especial Steve Witkoff e o ex-assessor Jared Kushner. Ambos participaram das negociações no Egito.
Em declaração conjunta, Netanyahu afirmou que “os esforços dos EUA, de Israel e das forças israelenses criaram pressão militar e diplomática que isolou o Hamas”, agradecendo publicamente a Witkoff e Kushner.
No Egito, delegações de Israel e Hamas se encontraram com representantes de Turquia, Qatar e EUA em Sharm el-Sheikh, onde o texto final do cessar-fogo foi concluído.
Hamas defende Estado Palestino
O líder exilado do Hamas, Khalil al-Hayya, afirmou que o grupo “continuará a trabalhar pelos interesses do povo palestino” e defendeu a criação de um Estado palestino soberano, acusando Israel de “perpetrar massacres” e descumprir acordos anteriores.
Em contraste, Netanyahu reafirmou em meses anteriores que “não haverá Estado palestino”, argumentando que isso colocaria em risco a sobrevivência de Israel e fortaleceria o Hamas.
Trump elogia acordo e anuncia viagem
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump celebrou o cessar-fogo durante encontro com o presidente da Finlândia, Alexander Stubb, na Casa Branca. Ele destacou o potencial econômico da reconstrução de Gaza e confirmou que pretende viajar ao Oriente Médio na próxima semana, com destino ao Egito, para participar da cerimônia de assinatura do acordo.




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