Jornada de Lutas do MST mobiliza 50 mil em todo o país e pressiona governo por avanços na Reforma Agrária
- Marcus Modesto
- 19 de abr.
- 2 min de leitura
A Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, promovida todos os anos em abril pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), mobilizou em 2025 cerca de 50 mil pessoas em todo o país, segundo dados divulgados pela própria entidade. Com o lema “Ocupar para o Brasil Alimentar”, as ações deste ano ocorreram de forma mais intensa entre os dias 1º e 17 de abril, com 55 mobilizações realizadas em nível nacional, abrangendo 47 municípios em 21 estados.
Além de marchas, protestos e atos simbólicos, as atividades incluíram 28 ocupações de terra, duas formações de novos acampamentos e cinco ocupações de prédios públicos ligados ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A estratégia visa pressionar o governo federal a acelerar os processos de desapropriação de terras improdutivas, que, segundo o MST, seguem sem cumprir sua função social, como determina a Constituição Federal.
Em nota oficial, o movimento reiterou que, embora o atual governo tenha sinalizado avanços na retomada de políticas públicas voltadas à reforma agrária, a lentidão na efetivação dos assentamentos permanece crítica. “Desde o início do mandato de Lula, menos de 5 mil famílias foram assentadas, e muitos desses processos ainda estão paralisados na burocracia estatal”, afirma o comunicado.
A entidade destaca também o agravamento da fome no Brasil como pano de fundo das mobilizações. De acordo com o MST, mais de 21 milhões de lares brasileiros enfrentam insegurança alimentar grave ou moderada, o que reforça o papel da agricultura familiar camponesa e da reforma agrária como alternativas concretas para garantir comida no prato e desenvolvimento sustentável.
Pressão por metas do governo
O Programa Nacional de Reforma Agrária, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, tem como meta assentar pelo menos 295 mil novas famílias até 2026. O plano prevê, inclusive, a incorporação de terras de grandes devedores da União, como parte da estratégia de ampliação do acesso à terra. No entanto, até agora, os avanços têm sido tímidos diante do passivo acumulado de cerca de 145 mil famílias acampadas em todo o país.
A Jornada Nacional de Lutas, neste contexto, reafirma a necessidade de ações concretas e urgentes. Para o movimento, a reforma agrária é mais do que uma política de acesso à terra: trata-se de um instrumento fundamental de justiça social e fortalecimento da democracia popular.
Enquanto o país enfrenta o desafio de reconstruir políticas públicas desmontadas nos últimos anos, o campo continua sendo palco de conflitos, resistência e luta — com milhares de famílias cobrando o que consideram um direito legítimo: terra para produzir e alimentar o Brasil.
Fonte Agência Brasil

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