Liberdade de imprensa e desinformação: no Dia do Jornalista, profissionais enfrentam desafios em meio à avalanche de fake news
- Marcus Modesto
- 7 de abr.
- 2 min de leitura
Nesta segunda-feira, 7 de abril, Dia do Jornalista, a data serve como marco simbólico para refletir sobre os desafios da profissão em meio a um cenário onde a desinformação avança e ameaça o direito fundamental à informação. Em tempos de redes sociais e circulação acelerada de conteúdos, o jornalismo profissional disputa a atenção do público com postagens de aparência noticiosa, muitas vezes sem apuração ou compromisso com a verdade.
De um lado, conteúdos produzidos por jornalistas, baseados em checagem, investigação e responsabilidade. Do outro, mensagens com aparência de denúncia ou alerta, compartilhadas sem critério ou verificação. A disputa vai além do território da comunicação: envolve a manutenção da democracia e o fortalecimento da cidadania.
Desinformação em alta, confiança em baixa
Para a professora e pesquisadora Sílvia Dal Ben, doutoranda na Universidade do Texas (EUA), a revolução digital abriu espaço para a democratização da produção de conteúdo, mas também para a proliferação de discursos manipuladores. “A internet quebrou o monopólio da informação, mas isso também gerou uma crise de confiança. Vivemos numa espécie de Torre de Babel, onde todos falam, mas poucos se entendem”, analisa.
Segundo ela, o jornalismo precisa reagir com profundidade e não com superficialidade. “Produzir conteúdo curto, sem apuração adequada, foi um erro estratégico. Precisamos recuperar o valor da informação bem feita e bem distribuída.”
Estética moderna, conteúdo responsável
Fabiana Moraes, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), reforça que é possível disputar espaço com as fake news usando linguagem moderna e formatos atraentes — desde que o conteúdo seja ético e bem apurado. “O sensacionalismo tem apelo, mas o jornalismo precisa resistir a isso. A estética pode ser ousada, mas o compromisso com a verdade tem que ser inegociável.”
Com trajetória premiada e foco em direitos humanos, Fabiana acredita que o jornalismo pode e deve adotar novas linguagens, desde que preserve a base: responsabilidade e verificação.
Distribuir bem e educar mais
Além da produção de qualidade, a distribuição inteligente da informação também é um ponto crucial, segundo a professora Thaïs de Mendonça Jorge, da Universidade de Brasília (UnB). “As pessoas estão lendo menos, então precisamos nos conectar com elas de forma mais eficiente, mostrando por que aquela informação importa para suas vidas”, afirma.
Thaïs, que coordenou a obra Desinformação - O mal do século, destaca a importância da alfabetização midiática como forma de combater o consumo passivo de fake news. “É preciso ensinar o público a reconhecer o que é informação confiável. Isso é papel do jornalismo, da educação e do Estado.”
Um alerta e um compromisso
Neste Dia do Jornalista, os profissionais da imprensa reforçam o compromisso com a verdade e com o interesse público. Em um país onde as fake news ganham terreno com velocidade, o jornalismo sério se apresenta como uma das últimas barreiras entre a sociedade e o caos informativo.
“É fundamental que a sociedade entenda que informação é um direito humano. E que só o jornalismo responsável pode garantir esse direito de forma ampla, justa e segura”, conclui Sílvia Dal Ben.
Defender a liberdade de imprensa, valorizar o trabalho do jornalista e promover a informação de qualidade são atitudes urgentes — e essenciais — para proteger a democracia.

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