Lula denuncia genocídio na Palestina e cobra reforma urgente da ONU em Paris
- Marcus Modesto
- 5 de jun.
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Em coletiva conjunta com o presidente francês, Emmanuel Macron, nesta quinta-feira (5), em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poupou críticas ao papel da Organização das Nações Unidas (ONU) diante das principais crises internacionais. Lula denunciou o que classificou como um “genocídio” do povo palestino na Faixa de Gaza e reforçou a cobrança por uma reforma urgente no Conselho de Segurança da ONU.
“As Nações Unidas completam 80 anos padecendo de grave déficit de legitimidade e eficácia. As guerras da Ucrânia, em Gaza, a situação no Haiti e tantas outras crises esquecidas demonstram que a reforma do Conselho de Segurança da ONU é inadiável”, afirmou o presidente.
Lula também criticou diretamente a incapacidade da ONU de atuar com firmeza nos conflitos mundiais, citando a guerra na Ucrânia e a escalada do massacre contra civis palestinos. Segundo ele, o Conselho de Segurança se tornou refém dos interesses das potências que possuem poder de veto, mergulhando o organismo em um ciclo de inoperância.
“Infelizmente, a ONU está enfraquecida politicamente. E a ONU tem pouco poder de dar opinião sobre qualquer guerra que aconteça no mundo — e isso é lamentável”, declarou, reforçando que o Brasil defende há décadas a ampliação da representatividade no Conselho.
“Genocídio na nossa cara”
Lula voltou a se posicionar de forma dura sobre a crise humanitária em Gaza. Visivelmente indignado, afirmou que o mundo inteiro está assistindo a um genocídio em tempo real, sem que a comunidade internacional consiga impor sequer um cessar-fogo.
“É importante que as potências mundiais deem logo um basta nisso. Não pode a ONU ficar dizendo que quer um cessar-fogo e não se respeitar um cessar-fogo. Estamos vendo um genocídio na nossa cara todo dia. Ontem morreram 95 pessoas, todos inocentes e todos civis. Não tinha nenhum chefe do Hamas”, declarou.
O presidente brasileiro também destacou a posição recente de Macron, que classificou o reconhecimento do Estado Palestino como um “dever moral”, sinalizando um possível fortalecimento da pressão internacional por uma solução definitiva para o conflito no Oriente Médio.
ONU enfraquecida, mundo em crise
As declarações de Lula acendem um alerta sobre a crise de credibilidade que atinge a ONU. Criada após a Segunda Guerra Mundial com a missão de promover a paz, a organização chega aos 80 anos sem conseguir mediar ou conter os principais conflitos da atualidade. A estrutura engessada, dominada por um pequeno grupo de potências com poder de veto, mostra-se incapaz de responder à altura dos desafios globais.
Enquanto isso, populações inteiras seguem sendo vítimas de guerras, ocupações e bombardeios — e o que se vê, muitas vezes, é uma diplomacia internacional que se limita a discursos e manifestações de preocupação, sem consequências reais para quem descumpre acordos ou promove massacres.

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