Lula descarta Waguinho para comando da PortosRio, apesar de apoio político na Baixada
- Marcus Modesto
- 13 de mai.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pretende indicar o ex-prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho (Republicanos), para presidir a PortosRio — estatal responsável pela administração dos portos do estado do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada por uma fonte do Palácio do Planalto. Segundo o interlocutor, Lula jamais considerou seriamente o nome de Waguinho para o cargo, embora tenha manifestado interesse em acomodar o aliado em alguma função no governo federal.
Figura influente na Baixada Fluminense, Waguinho foi um dos principais articuladores da campanha de Lula na região em 2022. No entanto, seu nome esbarra em critérios legais para ocupar cargos de alto escalão. A Lei das Estatais estabelece requisitos técnicos e éticos para nomeações, como experiência comprovada e reputação ilibada — exigências que, segundo fontes internas, ele não preenche.
Além das limitações legais, pesa contra Waguinho uma série de investigações em curso. Ele é citado em dois inquéritos que avançam em diferentes frentes do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro. O mais grave envolve o suposto desvio de aproximadamente R$ 15 milhões do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Belford Roxo (Previde), durante sua gestão como prefeito. A fraude teria ocorrido com o pagamento de benefícios a centenas de pessoas sem vínculo com o serviço público. Ex-diretoras do instituto, indicadas por Waguinho, são apontadas como participantes diretas do esquema.
Paralelamente, ele é um dos alvos da Operação Errata, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro deste ano. A investigação apura fraudes em contratos do Fundeb — fundo voltado à educação básica — com suspeitas de superfaturamento e ausência de licitação na compra de livros didáticos. A operação resultou na prisão de quatro ex-integrantes da administração municipal, incluindo o ex-secretário de Educação. Também foram apreendidos carros de luxo, joias, armas e R$ 90 mil em dinheiro vivo.
Waguinho é casado com a deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), que chegou a comandar o Ministério do Turismo no início do atual governo. Durante a campanha eleitoral de 2022, Daniela apareceu publicamente ao lado de figuras como o ex-vereador Marcinho Bombeiro, preso sob a acusação de liderar uma milícia em Belford Roxo. Reportagem da Folha de S.Paulo revelou que pelo menos três aliados de milicianos ocuparam cargos na prefeitura durante a gestão de Waguinho.
Com o cerco judicial se apertando e a repercussão negativa dos escândalos, o Planalto avalia que a nomeação de Waguinho seria insustentável do ponto de vista técnico, jurídico e político — apesar de sua força como cabo eleitoral na Baixada.

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