Lula vai à China para reunião com Xi Jinping em meio a tensão global por tarifas dos EUA
- Marcus Modesto
- 10 de abr.
- 2 min de leitura
Em um cenário internacional marcado pela nova ofensiva tarifária dos Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá com o líder chinês Xi Jinping no próximo dia 13, em Pequim. A visita de Estado foi confirmada pelo assessor especial da Presidência, embaixador Celso Amorim, que destacou a importância estratégica do encontro entre os dois chefes de Estado, mesmo sem uma pauta oficial fechada.
A viagem acontece em meio à escalada de tensões comerciais promovida por Washington, que voltou a impor tarifas sobre produtos chineses e de outros países — o que pode afetar indiretamente o Brasil. Questionado sobre a possibilidade do tema entrar na conversa entre Lula e Xi, Amorim foi cauteloso, mas admitiu que é “natural esse assunto surgir”, dado o impacto global das medidas norte-americanas. “É um tema que está alto na pauta internacional, obviamente”, disse o embaixador.
Lula desembarca na capital chinesa para reforçar os laços com o principal parceiro comercial do Brasil, em um momento de reconfiguração da geopolítica global. Segundo Amorim, a relação bilateral será o foco da agenda — ainda que a visita pudesse coincidir com o Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), cuja data permanece indefinida. “O importante é que o presidente vai à China e fará a bilateral nessa data. Se o encontro da Celac mudar, nossa ida se mantém.”
Além de Xi Jinping, Lula deve se reunir com outras autoridades do alto escalão chinês. Espera-se que a visita gere avanços concretos na articulação entre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo brasileiro, e a Nova Rota da Seda — iniciativa chinesa de investimentos em infraestrutura em países emergentes.
Amorim também deixou em aberto a possibilidade de novos acordos entre os dois países, embora tenha descartado, por ora, tratativas formais para um tratado comercial entre a China e o Mercosul. “Haverá a possibilidade de um acordo amplo, de características que não sejam exatamente de livre comércio. Mas isso não impede que haja acordos importantes”, afirmou.
A viagem à China será precedida por uma passagem de Lula por Moscou, onde o presidente brasileiro participará, no dia 9, das celebrações do 80º aniversário da vitória da União Soviética na Segunda Guerra Mundial. Segundo Amorim, o gesto reforça a posição do Brasil como ator relevante no cenário multilateral, em especial dentro do Brics. “É uma distinção simbólica. O Brasil tem uma proposta conjunta com a China para a paz na Guerra da Ucrânia. Somos parte ativa nesse esforço diplomático.”
Com as atenções voltadas para o reposicionamento do Brasil na política externa, a nova rodada de encontros internacionais de Lula reforça o movimento do governo em busca de uma atuação mais autônoma e multipolar — aproximando-se de parceiros estratégicos em meio à turbulência gerada pelas medidas protecionistas dos EUA.

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