Maioria dos brasileiros defende prisão de Bolsonaro, revela Datafolha
- Marcus Modesto
- 8 de abr.
- 2 min de leitura
Pesquisa também aponta descrença na efetivação da punição e mostra variações regionais e religiosas na opinião pública
A mais recente pesquisa do Instituto Datafolha revela que 52% dos brasileiros acreditam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria ser preso pelas ações relacionadas à tentativa de golpe para mantê-lo no poder. Em contrapartida, 42% afirmam que ele não deve ser preso, enquanto 7% não souberam ou preferiram não responder.
Apesar da maioria defender a prisão, 52% dos entrevistados acreditam que ela não acontecerá, contra 41% que preveem a detenção do ex-mandatário. Outros 7% não expressaram opinião sobre o desfecho.
A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 3 de abril, com 3.054 pessoas com 16 anos ou mais, em 172 cidades do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A sondagem vem à tona dias após Bolsonaro ter sido formalmente acusado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de tentar subverter o Estado Democrático de Direito, com base em investigações da Polícia Federal e denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). O ex-presidente nega envolvimento direto, embora tenha mudado sua versão inicial — de total desconhecimento para uma alegação de que apenas discutia cenários constitucionais sem colocá-los em prática.
Atualmente, Bolsonaro conduz uma campanha pela anistia dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, classificados pela PGR como parte do desdobramento frustrado da tentativa de golpe ao final de seu governo, barrado por falta de apoio militar.
Cortes sociais e regionais
A opinião pública sobre a prisão de Bolsonaro varia conforme região, classe social, religião e escolaridade. No Norte e Centro-Oeste, 47% defendem sua prisão, enquanto 45% são contra. Já no Sul, 49% rejeitam a ideia da prisão, contra 46% favoráveis. No Nordeste, tradicional reduto petista, 59% apoiam que ele seja preso.
Entre católicos, 55% são favoráveis à prisão do ex-presidente, enquanto 39% são contra. Já entre evangélicos, grupo majoritariamente bolsonarista, a tendência se inverte: 54% rejeitam a prisão, e 38% a apoiam.
A rejeição à prisão também é maior entre homens (48%), pessoas com ensino fundamental (35%) e jovens de 16 a 24 anos (57% acreditam que ele permanecerá solto). Por outro lado, entre pessoas com ensino superior, 50% acreditam que ele será preso, mesma percepção de 47% daqueles que ganham mais de 10 salários mínimos.
Tarcísio herda apoio e tenta se equilibrar
Inelegível até 2030 por decisão da Justiça Eleitoral, Bolsonaro tem visto surgir como herdeiro político o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de seu governo. Tarcísio tem evitado confrontos com instituições, mas participou de manifestações ao lado de Bolsonaro em defesa da anistia aos condenados.
A pesquisa do Datafolha também mediu intenções de voto envolvendo o governador. Entre os que afirmam que votariam nele para presidente, 79% são contra a prisão de Bolsonaro, e 62% acreditam fortemente que ela não ocorrerá — índices bem acima da média.

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