Maioria dos brasileiros quer Bolsonaro fora da corrida presidencial de 2026, aponta Datafolha
- Marcus Modesto
- 6 de abr.
- 2 min de leitura
Uma nova pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada neste sábado (5) pela Folha de S. Paulo, mostra que a maioria dos brasileiros deseja que Jair Bolsonaro (PL) fique de fora da disputa presidencial em 2026. Segundo o levantamento, 67% dos entrevistados acreditam que o ex-presidente deveria abrir mão da candidatura e apoiar outro nome.
Apesar de estar atualmente inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro insiste em afirmar publicamente que pretende registrar sua candidatura para o pleito do próximo ano. O gesto é interpretado por analistas como uma tentativa de manter influência política e mobilizar sua base mais fiel, mesmo diante de crescentes obstáculos legais e de imagem.
O Datafolha ouviu 3.054 pessoas em 172 municípios entre os dias 1º e 3 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Apenas 28% disseram que Bolsonaro deveria manter sua candidatura. Outros 5% não souberam opinar.
Os números escancaram o desgaste do ex-presidente junto ao eleitorado mais amplo, mesmo que ainda mantenha força entre os mais radicais. Desde que deixou o Planalto, Bolsonaro acumulou derrotas judiciais, perdeu capital político e se viu envolvido em múltiplas investigações, que vão desde o escândalo das joias sauditas até uma suposta tentativa de golpe de Estado.
A pesquisa também perguntou aos entrevistados quem Bolsonaro deveria apoiar caso não possa concorrer. O nome mais citado foi o de sua esposa, Michelle Bolsonaro (PL), com 23% das preferências. Em seguida aparecem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 21%, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), com 14%.
Outros nomes citados incluem Pablo Marçal (11%), Ratinho Junior (7%), Ronaldo Caiado e Romeu Zema (ambos com 4%). Para 9% dos entrevistados, Bolsonaro não deveria apoiar ninguém. Já 7% disseram não saber.

A divisão interna no campo bolsonarista fica evidente com os resultados: não há um nome de consenso que herde, automaticamente, o capital político do ex-presidente. A pulverização das opções mostra que, mesmo entre os simpatizantes, o bolsonarismo enfrenta dificuldade para se reorganizar sem o seu líder original.
Com a possibilidade real de que Bolsonaro continue fora da disputa, o desafio para a direita será encontrar uma nova figura que consiga manter coeso um campo político cada vez mais fragmentado e sob pressão de escândalos

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