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Mauro Cid presta novo depoimento ao STF sobre núcleos da tentativa de golpe de Estado

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 14 de jul.
  • 3 min de leitura

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, será interrogado novamente nesta segunda-feira (13) no Supremo Tribunal Federal (STF). Réu colaborador e delator no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, Cid prestará depoimento no âmbito de três ações penais que investigam diferentes núcleos da organização criminosa.


Nesta nova oitiva, o militar deve apresentar informações complementares sobre os chamados núcleos 2, 3 e 4 da trama golpista, que, juntos, somam 23 réus:

Núcleo 2: gerenciamento de ações golpistas (6 acusados);

Núcleo 3: ações coercitivas contra autoridades (10 acusados);

Núcleo 4: disseminação de desinformação e guerra psicológica (7 acusados).


Esta será a segunda vez que Cid é ouvido diretamente pelo STF. No primeiro depoimento, realizado em junho, ele confirmou a existência de um plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, validou as acusações feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e comprometeu diretamente Jair Bolsonaro.


O que Cid revelou no primeiro depoimento


Mauro Cid declarou que Bolsonaro teve acesso à chamada “minuta do golpe”, um documento que previa a prisão de ministros do STF, além dos presidentes da Câmara e do Senado. Segundo ele, o ex-presidente leu o texto, fez alterações e optou por manter o nome do ministro Alexandre de Moraes como alvo.


O tenente-coronel também relatou que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, por um relatório que colocasse em dúvida a lisura das eleições, chegando a desmarcar uma reunião no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com esse objetivo.


Um dos trechos mais impactantes do primeiro depoimento envolveu o general Walter Braga Netto, que teria entregue dinheiro em espécie a Cid dentro de uma caixa de vinho, no Palácio da Alvorada. O valor teria sido repassado ao major Rafael de Oliveira, ligado ao grupo extremista conhecido como “kids pretos”, que seria responsável por um plano chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato de autoridades, incluindo o presidente Lula e o ministro Moraes.


Monitoramento, acampamentos e omissões


Cid afirmou ainda que aliados de Bolsonaro chegaram a monitorar os deslocamentos de Alexandre de Moraes, a pedido do major Rafael de Oliveira e do coronel Marcelo Câmara, assessor especial do ex-presidente.


Sobre os acampamentos em frente aos quartéis, Cid disse que Bolsonaro preferiu não interferir. “Não fui eu que chamei, não sou eu que vou mandar embora”, teria afirmado nos bastidores. Para investigadores, a omissão foi interpretada como um sinal verde para os atos de 8 de janeiro, que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes.


O que esperar do novo depoimento


A expectativa é que Mauro Cid forneça detalhes sobre a logística da tentativa de golpe, inclusive a atuação de agentes civis e militares nos bastidores da disseminação de fake news, no planejamento de ações contra instituições democráticas e no financiamento das operações.


Também há interesse em aprofundar o papel de empresários e militares da ativa e da reserva no apoio financeiro ao movimento. O general Braga Netto, mencionado no primeiro depoimento, continua preso desde dezembro de 2024, acusado de obstruir investigações. Segundo Moraes, os indícios apontam para uma participação mais ativa do general no plano de ruptura institucional.


Se confirmar os elementos esperados, o novo depoimento pode fortalecer a linha da acusação da PGR e ampliar o alcance das investigações, colocando ainda mais pressão sobre aliados próximos de Bolsonaro e sobre o próprio ex-presidente.


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