top of page
Buscar

Moraes Retira Sigilo da Delação de Mauro Cid e Revela Detalhes Sobre Bolsonaro e Trama Golpista

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 20 de fev.
  • 3 min de leitura

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou nesta quarta-feira (19) o sigilo da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O conteúdo da colaboração expõe o papel do ex-presidente na tentativa de golpe após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o funcionamento do chamado “gabinete do ódio” e a atuação de aliados no questionamento ao processo democrático.


A delação de Cid, firmada com a Polícia Federal (PF), está organizada em 25 cláusulas que estabelecem suas obrigações e os benefícios concedidos em troca das informações. O depoimento revela detalhes de esquemas financeiros, movimentações políticas e tentativas de minar as instituições.


Os Principais Pontos da Delação


Bolsonaro Milionário


Mauro Cid afirmou em seu depoimento ao STF que Jair Bolsonaro “se deu bem, ficou milionário”, enquanto ele próprio perdeu tudo e teve sua carreira destruída. O relato foi motivado por uma reportagem da revista Veja, que revelou áudios de Cid criticando Alexandre de Moraes e a Polícia Federal.


Segundo o tenente-coronel, Bolsonaro recebeu R$ 17,1 milhões via Pix entre janeiro e julho de 2023, dinheiro arrecadado por apoiadores supostamente para pagar multas judiciais.


Eduardo Bolsonaro e a Ala Radical


Cid detalhou que os aliados do ex-presidente estavam divididos entre radicais, conservadores e moderados. No grupo mais extremista, que defendia a tese de fraude nas urnas e um golpe militar, estavam Eduardo Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, Jorge Seif, Gilson Machado, Magno Malta e o general Mário Fernandes.


Havia ainda uma subdivisão com os “menos radicais”, que insistiam em encontrar provas concretas de fraude. Entre eles, Valdemar Costa Neto, Luiz Carlos Heinze e o general Eduardo Pazuello. Já o grupo conservador incluía Flávio Bolsonaro, Ciro Nogueira e Bruno Bianco.


Gabinete do Ódio


A delação reforça a existência do “gabinete do ódio”, que funcionava em uma pequena sala no terceiro andar do Palácio do Planalto, próximo ao gabinete presidencial. Segundo Cid, o grupo era formado por Tércio Arnaud Tomaz, José Mateus Sales Gomes e outro assessor identificado apenas como Mateus.


A estratégia de comunicação digital era comandada pelo vereador Carlos Bolsonaro, que decidia o que deveria ser publicado nas redes sociais do ex-presidente.


Pressão Sobre o Ministro da Defesa


Mauro Cid revelou que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, para alterar um relatório que atestava a segurança das urnas eletrônicas. A intenção era fazer constar que havia indícios de fraude, mesmo sem provas.


A PGR incluiu Nogueira entre os envolvidos na tentativa de golpe, citando sua participação ativa no movimento para deslegitimar as eleições.


Venda de Joias e Entrega de Dinheiro Vivo


O ex-ajudante de ordens relatou que vendeu joias recebidas por Bolsonaro e entregou US$ 86 mil ao ex-presidente em dinheiro vivo. Os itens foram negociados em lojas dos Estados Unidos, e o valor foi fracionado para evitar movimentações bancárias rastreáveis.


A PF já havia indiciado Bolsonaro e outras 11 pessoas no caso das joias sauditas, acusando-os de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.


Dinheiro em ‘Sacolinha de Vinho’


Cid revelou que recebeu dinheiro em uma “sacolinha de vinho” das mãos do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa. Segundo a denúncia da PGR, os valores fariam parte de um plano para assassinar Lula e Moraes e consolidar um golpe de Estado.


Apoio das Forças Armadas a Acampamentos Golpistas


A delação aponta que Bolsonaro ordenou que os comandantes das Forças Armadas emitissem uma nota conjunta permitindo a permanência de manifestantes em acampamentos diante de quartéis.


O ex-presidente teria dado falsas esperanças a seus apoiadores para que continuassem pressionando as Forças Armadas a agir contra o resultado das eleições.


Uso de Recursos Públicos em Motociatas


Cid também revelou que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) comprou motos para escoltar Bolsonaro em suas motociatas pelo país, utilizando verba pública. Além disso, em algumas ocasiões, os veículos foram transportados por avião para eventos organizados pelo ex-presidente.


Abrigo a Blogueiros Aliados


No fim de 2022, quando apoiadores de Bolsonaro vandalizaram a sede da Polícia Federal em Brasília, três blogueiros ligados ao ex-presidente temiam ser presos. Eles pediram refúgio ao ex-presidente, que permitiu a entrada deles no Palácio da Alvorada e cedeu um carro oficial para transportá-los em segurança.


Defesa de Bolsonaro Rebate Delação


Em nota, a defesa de Jair Bolsonaro classificou a denúncia da PGR como “inepta, precária e incoerente”. Os advogados argumentam que não há provas concretas que vinculem o ex-presidente às acusações e que a delação de Mauro Cid se baseia em um “relato fantasioso”.


Apesar da negativa da defesa, o conteúdo da delação aprofunda as suspeitas contra Bolsonaro e seus aliados, aumentando a pressão sobre o STF para definir os próximos passos do processo.



 
 
 

Comments


bottom of page