Morre Cristina Buarque, voz e memória do samba, aos 74 anos
- Marcus Modesto
- 20 de abr.
- 2 min de leitura
Filha de Sérgio Buarque de Hollanda e irmã de Chico, artista foi referência no resgate e preservação do gênero musical
A música brasileira perdeu, neste domingo (20), uma de suas maiores conhecedoras do samba: a cantora e compositora Cristina Buarque, aos 74 anos. A notícia foi confirmada por seu filho, Zeca Ferreira, por meio das redes sociais. Cristina vinha enfrentando uma batalha contra o câncer.
Nascida em São Paulo, em 1950, Maria Christina Buarque de Hollanda cresceu cercada de cultura e sensibilidade artística. Era filha do renomado historiador Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista e intelectual Maria Amélia Buarque de Hollanda. Irmã de Chico, Miúcha e Ana de Hollanda, Cristina seguiu o próprio caminho na música, especialmente no samba, gênero ao qual dedicou toda a sua trajetória.
Seu primeiro grande sucesso veio em 1974, com a gravação de Quantas Lágrimas, de Manaceia, no disco que levava seu nome. Discreta, avessa a entrevistas e à grande mídia, Cristina ganhou o apelido carinhoso de “Chefia” entre os sambistas, que a viam como uma referência incontornável — uma verdadeira enciclopédia viva do samba.
Mais do que intérprete, Cristina foi também uma incansável pesquisadora do gênero, contribuindo para a preservação de obras e compositores menos conhecidos do grande público. Formou gerações com sua voz marcante, repertório cuidadoso e o olhar sensível sobre o cancioneiro popular.
Nos últimos anos, vivia na bucólica Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, onde comandava uma roda de samba que se tornou ponto de encontro de músicos e amantes da cultura popular. Era ali, longe dos holofotes, entre amigos, risadas e cavaquinhos, que Cristina parecia mais em casa.
Com seu humor afiado e presença marcante, Cristina Buarque deixa um legado fundamental para a música brasileira. Sua partida é sentida não apenas por familiares e amigos, mas por todos os que encontraram, em sua voz, o caminho para as raízes do samba.

Comments