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Mortes de policiais em serviço crescem 133% em SP; pesquisa aponta recuo no controle da atuação policial

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 4 de abr.
  • 2 min de leitura

O número de policiais militares mortos em serviço em São Paulo cresceu 133% desde 2022. O dado consta em uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, encomendada pelo Unicef e divulgada nesta quinta-feira (3). O levantamento mostra que 14 agentes foram mortos em 2024, contra seis em 2022, e aponta a flexibilização do uso de câmeras corporais como um dos fatores para o aumento da letalidade.


A pesquisa utiliza dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) e do Ministério Público. Além das mortes de policiais, o relatório destaca o crescimento da letalidade envolvendo outros agentes de segurança e o aumento no número de mortes causadas por intervenções policiais.


Especialistas alertam que a redução nos mecanismos de controle interno e o enfraquecimento do uso das câmeras corporais — antes ativadas de forma contínua — contribuem para esse cenário. Atualmente, o acionamento dos equipamentos pode ser feito manualmente pelo policial ou remotamente por uma central, modelo ainda em fase de testes.


Segundo a SSP, houve um aumento de 18,5% no número de câmeras utilizadas, mas especialistas afirmam que a mudança na política de uso compromete a fiscalização. “Quando o policial segue o protocolo porque está sendo filmado, ele se protege mais. Ele mata menos e morre menos”, afirma Samira Bueno, diretora do Fórum.


O relatório também revela que os processos disciplinares na corporação caíram. O número de Conselhos de Disciplina, que julgam infrações cometidas por praças, recuou 46% em 2024. Processos administrativos diminuíram 12,1%, e os inquéritos policiais militares atingiram o menor patamar em oito anos.


Outro ponto de preocupação é o aumento nas mortes de crianças e adolescentes em ações policiais. Entre 2022 e 2024, os casos cresceram 120%, passando de 35 para 77. Na faixa de 15 a 19 anos, as mortes subiram de 34 para 73. Crianças e adolescentes negros são as principais vítimas: a letalidade entre jovens negros é 3,7 vezes maior do que entre brancos.


Para o Unicef, o cenário exige uma resposta urgente. “É preciso investir em políticas de segurança que protejam a vida de meninos e meninas e garantam a responsabilização dos culpados”, afirmou Adriana Alvarenga, chefe do escritório da entidade em São Paulo.


Em 2022, o estado registrou 256 mortes causadas por policiais militares em serviço. Em 2024, esse número saltou para 649 — uma alta de 153,5% em dois anos. A decisão do STF que obriga o uso contínuo de câmeras em grandes operações ainda não foi implementada. O governo estadual recorreu e apresentou um novo modelo de equipamento ao Supremo, mas aguarda definição final.


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