O Calor Extremo no Rio: Medidas Insuficientes para Enfrentar a Crise Climática
- Marcus Modesto
- 14 de fev.
- 2 min de leitura
O Rio de Janeiro, assim como boa parte do Brasil, enfrenta uma onda de calor extremo nesta sexta-feira (14), com temperaturas que podem chegar aos 37°C, e o cenário não deve melhorar tão cedo. Enquanto autoridades estaduais e municipais se dizem preparadas, a realidade para a população parece bem diferente. As ações anunciadas, embora relevantes, demonstram o quão incipientes e reativas são as medidas para enfrentar as consequências de um fenômeno climático cada vez mais recorrente e devastador.
O Centro de Operações Rio (COR) e a Secretaria de Estado de Saúde (SES) têm protocolos de alerta e prevenção, mas as soluções propostas parecem mais reativas do que preventivas. O Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo, lançado em junho de 2024, faz distinção entre níveis de calor, mas a comunicação sobre o que de fato será feito para mitigar os impactos da onda de calor continua vaga. O nível de alerta atual (NC3) indica a necessidade de intensificar campanhas de conscientização, mas as ações mais eficazes, como a ampliação de pontos de resfriamento e hidratação para as populações vulneráveis, ainda são pouco detalhadas.
A prefeitura de Rio de Janeiro fala em ações educativas e comunicação, mas a realidade é que o calor extremo não permite tempo para reflexões ou alertas em tempo real para as camadas mais pobres da população. As grandes favelas e regiões periféricas da cidade são as mais afetadas, com falta de infraestrutura básica e a escassez de recursos para enfrentar temperaturas tão altas. Além disso, a proposta de adaptar eventos e ajustar a agenda de atividades ao calor extremo soa como um paliativo diante de uma crise que exige ações mais audaciosas e estruturais.
Enquanto isso, o governo estadual também anuncia medidas para monitorar e comunicar sobre o aumento da temperatura, mas o questionamento é: quanto disso chega de forma eficaz à população mais vulnerável? A ferramenta “MonitoraRJ” e o monitoramento de ondas de calor são passos importantes, mas sem um plano efetivo de resposta, o risco de subnotificação e falta de apoio a quem realmente precisa é alto.
É claro que as previsões de calor extremo, com temperaturas que podem ultrapassar os 44°C, são um reflexo de um problema climático global que requer ações mais profundas, como a mitigação da emissão de gases de efeito estufa, investimentos em infraestrutura urbana e o fortalecimento de políticas públicas de adaptação. Porém, até que essas mudanças estruturais se concretizem, a falta de um planejamento mais eficaz para enfrentar ondas de calor como esta, que afeta diretamente a saúde da população, coloca em risco milhares de vidas, especialmente as das pessoas mais vulneráveis.
Em um cenário onde o clima se torna mais imprevisível e extremo, é essencial que o Rio de Janeiro, assim como outras cidades do país, avance com urgência em estratégias não apenas reativas, mas também preventivas e inclusivas, capazes de garantir a sobrevivência de todos, independentemente de sua classe social. O calor extremo não pode ser tratado como um simples inconveniente passageiro, mas sim como um alerta para uma crise climática que já está afetando a vida de milhões.

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