O choro é livre, deputado
- Marcus Modesto
- 5 de mar.
- 2 min de leitura
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) resolveu dar um espetáculo à parte após a vitória histórica do Brasil no Oscar 2025. Incomodado com o reconhecimento internacional do filme Ainda Estou Aqui, o parlamentar partiu para o ataque contra o cineasta Walter Salles, chamando-o de “psicopata cínico” por criticar a situação política dos Estados Unidos e por abordar um tema que a extrema-direita brasileira tenta apagar da memória coletiva: a ditadura militar.
A reação de Eduardo Bolsonaro não surpreende. Afinal, a família Bolsonaro tem uma relação carinhosa com a ditadura, defendendo torturadores como Brilhante Ustra e relativizando os crimes cometidos pelo regime. O incômodo do deputado não está na suposta “ditadura inexistente” retratada no filme, mas na realidade que o longa expõe – uma que os bolsonaristas fazem de tudo para reescrever.
O ataque também revela uma ironia deliciosa: Eduardo Bolsonaro usa sua liberdade de expressão para criticar um artista que exerceu… sua liberdade de expressão. Ou seja, segundo a lógica bolsonarista, liberdade de expressão é válida apenas para quem concorda com eles. Walter Salles fala de um perigo autoritário crescente no mundo? Isso é censurável. Eduardo Bolsonaro defende abertamente um golpe militar? Isso é democracia.
A tentativa de desqualificar um cineasta premiado e uma obra reconhecida internacionalmente só mostra o desespero da extrema-direita diante da cultura e da arte – duas forças que eles nunca conseguiram dominar. Como dizia Millôr Fernandes, “Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados.” O mesmo vale para o cinema.
Se o filme Ainda Estou Aqui incomodou tanto Eduardo Bolsonaro, é sinal de que cumpriu seu papel. E, para desespero do deputado, sua birra nas redes sociais não vai apagar a história – nem o Oscar.

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