top of page
Buscar

O direito de não ser chamado pelo apelido — desde que não se fraude a sociedade

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 22 de mai.
  • 1 min de leitura

Num país onde a fila dos prejudicados é maior que a dos beneficiados, não deixa de ser irônico que um empresário acusado de fraudar aposentadorias e pensões — prejudicando milhões de brasileiros — se preocupe tanto com a própria imagem. A 6ª Vara Criminal de Brasília, com acerto, rejeitou a tentativa do empresário Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido nacionalmente como “Careca do INSS”, de censurar a imprensa, que vem utilizando o apelido para identificá-lo em reportagens.


A defesa alegou que a alcunha era pejorativa e arranhava sua reputação. O juiz, sensatamente, respondeu que o problema aqui não é a calvície, mas sim os bilhões de reais que desapareceram em esquemas fraudulentos, segundo investigações da Polícia Federal.


É curioso — para não dizer revoltante — que um investigado por fraudar o sistema de proteção social de um país inteiro se preocupe mais com a estética de seu nome do que com o impacto de suas ações sobre aposentados, pensionistas e trabalhadores. A tentativa de calar a imprensa não passa de uma estratégia desesperada de quem vê seu nome — ou seu apelido — estampado nas manchetes, não pelos traços físicos, mas pela extensão do rombo que ajudou a provocar.


A decisão da Justiça é, além de acertada, um recado claro: liberdade de imprensa não se negocia, especialmente quando se trata de informar a sociedade sobre quem são os responsáveis por crimes que sangram os cofres públicos e comprometem a vida de milhões. Se a alcunha é de “gosto duvidoso”, o que dizer, então, das práticas que a motivaram?


Quem quer se livrar de apelidos na imprensa, talvez devesse começar evitando figurar nas páginas policiais.


 
 
 

Comments


bottom of page