O elo perigoso entre Onyx Lorenzoni e o esquema bilionário do INSS

O discurso moralista de Onyx Lorenzoni, ex-ministro do Trabalho e da Previdência no governo Bolsonaro, começa a ruir diante de mais uma ligação incômoda entre política e interesses privados. Em 2022, durante sua campanha ao governo do Rio Grande do Sul, Onyx recebeu uma doação de R$ 60 mil de Felipe Macedo Gomes, então presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), entidade agora investigada por envolvimento em um dos maiores esquemas de descontos indevidos sobre aposentadorias do INSS.

A cronologia do caso revela muito mais do que uma coincidência infeliz. O acordo de cooperação técnica que permitiu à ABCB descontar 2,5% de aposentadorias começou a ser costurado em março de 2022, justamente quando Onyx chefiava a Previdência Social e Gomes liderava a entidade. O acordo foi formalizado em agosto, já durante o período eleitoral — e a doação de Gomes à campanha de Lorenzoni foi registrada no dia 30 de setembro. Em outras palavras: enquanto comandava a pasta responsável, o então ministro viabilizava uma parceria que logo beneficiaria financeiramente sua própria campanha.

A Polícia Federal destacou a movimentação em suas investigações, apontando o vínculo político-empresarial como um possível indício de favorecimento. Trata-se de mais uma peça que se encaixa em um quebra-cabeça marcado por relações promíscuas entre agentes públicos e entidades privadas com acesso direto a aposentados, uma população vulnerável e frequentemente alvo de abusos financeiros.

O caso reforça a contradição entre o discurso e a prática de figuras do bolsonarismo. Onyx, que já confessou caixa 2 em campanhas passadas, posa como defensor da moralidade pública, mas acumula escândalos e omissões que minam sua credibilidade. O envolvimento com um esquema que drena recursos de quem mais precisa não é apenas eticamente reprovável — é sintomático de um modelo de poder que usa a máquina pública para atender interesses privados, mesmo em detrimento da população.