O Jogo Geopolítico de Trump e a Eleição Brasileira de 2026: Uma Agenda de Extrema Direita e Conflitos no Hemisfério Ocidental
- Marcus Modesto
- 27 de fev.
- 2 min de leitura
Política:
O governo de Donald Trump tem colocado as eleições brasileiras de 2026 no centro de sua estratégia para consolidar uma agenda de extrema direita no Hemisfério Ocidental e desafiar a ascensão da China na América Latina. Segundo o colunista Jamil Chade, do portal UOL, o posicionamento da Casa Branca tem se intensificado com ações que visam interferir nos rumos políticos do Brasil, tudo com um objetivo claro: garantir que, em 2026, o país seja governado por um líder alinhado aos interesses estadunidenses, especialmente com relação à oposição a Pequim.
Nos últimos dias, a escalada de tensões começou com uma série de medidas ostensivas, incluindo alertas sobre a censura contra plataformas digitais no Brasil. Alegando que a liberdade de expressão estaria em risco, o governo de Trump intensificou suas críticas, ameaçando até mesmo suspender vistos para autoridades brasileiras envolvidas em atos de censura, o que gerou uma reação furiosa em setores mais conservadores dos Estados Unidos, como o Partido Republicano.
Contudo, a narrativa moldada pelo governo dos EUA omite deliberadamente as ações que enfraquecem a democracia brasileira, como a tentativa de golpe de Estado liderada por Jair Bolsonaro e a ameaça constante às instituições. Em vez disso, a administração Trump foca em atacar a suposta violação de liberdade de expressão, criando uma inversão de papéis onde o Brasil é retratado como uma ameaça à democracia, enquanto as violações das plataformas digitais e os ataques às instituições brasileiras são silenciados.
A estratégia em jogo parece ser mais ampla do que uma simples disputa ideológica. Para Trump, uma vitória do bolsonarismo em 2026 serviria para fortalecer a presença de governos alinhados à sua política externa no continente. Ao lado de Javier Milei, na Argentina, e outros líderes de direita, o Brasil poderia contribuir para enfraquecer blocos como o BRICS e o Mercosul, ao mesmo tempo em que promoveria uma agenda que visa desmantelar a crescente influência da China na região, especialmente no que diz respeito ao Canal do Panamá e à expansão econômica de Pequim na América Latina.
Além disso, a eleição brasileira se tornou um palco crucial para a disseminação de uma agenda ultraconservadora, que em muitos aspectos reflete a visão de Trump sobre direitos humanos, racismo, diversidade e direitos reprodutivos. A possibilidade de um governo brasileiro que compartilhe dessas pautas ideológicas poderia, portanto, reforçar as políticas do ex-presidente dos EUA, que vem atacando desde o movimento LGBTI+ até os direitos das mulheres, buscando também desmantelar programas de diversidade.
O alinhamento do Brasil com os interesses de Trump em 2026 representaria um fortalecimento da agenda de extrema direita no continente, mas também uma reconfiguração geopolítica mais ampla, com efeitos no equilíbrio global, principalmente na luta de Washington contra a ascensão da China. No entanto, o preço disso seria uma democracia cada vez mais fragilizada e a perpetuação de políticas que comprometem direitos fundamentais e que podem marcar um retrocesso para a região.

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