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O preço da indiferença: quando a violência se transforma em espetáculo

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 21 de fev.
  • 2 min de leitura

O ataque covarde contra Ludierley Satyro José, um homem em situação de rua, não é só mais um caso de violência urbana. É um grito de alerta sobre a podridão que cresce no silêncio da sociedade e se alimenta da indiferença. Um adolescente de 17 anos jogou coquetéis molotov em um homem indefeso, dormindo na calçada, e transmitiu tudo ao vivo para 141 espectadores no Discord. Sim, 141 pessoas assistiram a um ser humano ser queimado vivo — e ninguém fez nada.


Não se trata só da frieza de quem atacou. O verdadeiro horror está no prazer em compartilhar a violência, no número de espectadores que consumiram aquilo como se fosse entretenimento, e no dinheiro sujo que supostamente motivou o crime. Esse adolescente não age sozinho: ele é produto de uma cultura digital que transforma a crueldade em moeda de troca e a humilhação em desafio.


Mas e a resposta da sociedade? O mesmo padrão de sempre: manchetes por alguns dias, revolta nas redes sociais e depois o silêncio. Enquanto isso, comunidades de ódio continuam a crescer nas sombras da internet, aliciando jovens que encontram ali a validação que não recebem em casa, na escola ou na própria vida.


O mais assustador? A frieza. O delegado responsável pelo caso afirmou que nunca viu um detido com tamanha indiferença pelo sofrimento alheio. E o que isso diz sobre nós? Estamos criando uma geração que se anestesiou diante da dor do outro, onde o sofrimento vira conteúdo e a violência, um espetáculo barato.


A pergunta que fica é: até quando vamos fingir que isso não é um problema nosso? Quantos Ludierleys mais precisarão ser queimados — física ou simbolicamente — para que a sociedade acorde e veja que, em cada ato de omissão, também há sangue em nossas mãos?


Foto reprodução vídeo


 
 
 

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