O Rio de Janeiro ainda abraça o bolsonarismo – mesmo sem Bolsonaro elegível
- Marcus Modesto
- 9 de abr.
- 1 min de leitura
Apesar de inelegível até 2030, Jair Bolsonaro continua sendo um nome forte no Rio de Janeiro. A força simbólica do ex-presidente, mesmo após escândalos, cassação de direitos políticos e episódios que colocaram em xeque sua conduta democrática, ainda ecoa com intensidade entre os fluminenses. É o que mostra a mais recente pesquisa do Instituto Paraná, divulgada nesta terça-feira (7).
No cenário hipotético em que Bolsonaro pudesse ser candidato à Presidência, ele lideraria com 42,8% das intenções de voto no estado, enquanto o atual presidente Lula ficaria com 29,2%. Mesmo sua esposa Michelle Bolsonaro, que jamais ocupou cargo eletivo, aparece como nome competitivo: teria 33,2% contra 29,7% de Lula. O terceiro nome mais lembrado, Ciro Gomes, patina com 9,6% ou 12,1%, a depender do cenário.
O dado mais revelador, no entanto, é a rejeição: 52,8% dos entrevistados consideram o governo Lula ruim ou péssimo. A hostilidade ao presidente petista no estado escancara um clima de polarização crônica, que parece ignorar os efeitos reais das políticas públicas em favor de paixões ideológicas e narrativas simplificadas.
Não à toa, até mesmo Tarcísio de Freitas — governador paulista e um dos pupilos mais preparados do bolsonarismo — perde para Lula em território fluminense: 29,9% a 22,9%.
O bolsonarismo, portanto, permanece com raízes sólidas no Rio. Uma fidelidade que não cede nem diante de investigações, nem de escândalos, e tampouco diante do vácuo de propostas concretas. É mais que apoio político: é fenômeno cultural, alimentado por ressentimentos e por uma memória seletiva que ignora os estragos administrativos do passado recente.
A pergunta que fica: até quando o Rio será refém de um saudosismo que não se sustenta nos fatos?

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