Obra emergencial em Paraty escancara descaso com planejamento e prevenção no sistema de abastecimento
- Marcus Modesto
- 4 de mai.
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ÚPARATY (RJ) – A construção de um muro de contenção às margens do Rio Perequê-Açu, anunciada como medida essencial para proteger adutoras que abastecem metade da cidade, escancara um problema crônico: a falta de investimento contínuo em manutenção preventiva e infraestrutura hídrica resiliente no município.
A obra, que utilizou cerca de 1.200 toneladas de material e envolveu o uso de máquinas de grande porte, foi motivada pelo colapso do talude em 2024, após fortes chuvas que comprometeram a estrutura responsável pela sustentação das tubulações. O episódio causou instabilidade no abastecimento de água e dificultou os trabalhos de reparo, afetando milhares de moradores.
Embora o gerente de Engenharia da concessionária Águas de Paraty, Roberto Lima Gonçalves, afirme que a construção do novo muro “assegura a proteção das adutoras e reduz o risco de desabastecimento”, a intervenção também expõe a vulnerabilidade do sistema e a demora em agir antes do colapso.
Especialistas apontam que, em regiões suscetíveis a chuvas intensas e deslizamentos, obras de contenção e reforço de encostas deveriam fazer parte de um planejamento estrutural contínuo – não serem apenas reações emergenciais a tragédias anunciadas. O caso de Paraty se soma a uma lista de cidades fluminenses que investem tardiamente em ações corretivas, após o sistema já ter entrado em colapso.
A falta de transparência sobre os custos da obra, o impacto ambiental da movimentação de toneladas de material às margens de um rio e a ausência de diálogo prévio com a população local também levantam questionamentos sobre a governança da concessionária e o papel do poder público municipal em fiscalizar e exigir soluções duradouras.
Enquanto isso, a população segue à mercê de estruturas frágeis e decisões tardias — com a água, bem mais essencial à vida, escorrendo pelas falhas do planejamento.
Foto PMP

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