Paraty em luto: mais um feminicídio que escancara o fracasso do poder público
- Marcus Modesto
- 1 de jul.
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Na madrugada deste domingo, Paraty perdeu mais uma mulher para a violência que insiste em ser rotina. No Beco do Propósito, Vitória foi assassinada a tiros pelo ex-companheiro. Marcelo, atual parceiro dela, também foi executado. Um duplo homicídio brutal que tem nome e causa: feminicídio.
Vitória foi morta porque decidiu romper uma relação. Porque, como tantas outras mulheres, quis seguir sua vida sem aceitar viver sob ameaça. Pagou com a vida pela recusa a se submeter ao controle de um homem. Essa tragédia não é um caso isolado — é um sintoma de uma realidade nacional em que uma mulher é assassinada a cada seis horas.
O discurso de luto já não basta. A indignação pública, sozinha, não move estruturas. E a verdade é que as estruturas continuam intocadas. Onde estão as políticas de acolhimento? Onde estão os centros de proteção, os canais eficazes de denúncia, a presença concreta do Estado nas periferias, nas comunidades, nas esquinas onde mulheres vivem com medo?
A Prefeitura de Paraty precisa responder. A Câmara Municipal precisa responder. Porque toda morte anunciada também denuncia o silêncio e a omissão de quem deveria ter feito algo antes.
Não é possível tratar esse assassinato como mais um. Não é possível seguir com a vida pública como se o que ocorreu fosse pontual. A morte de Vitória é a ponta visível de um sistema que falha em proteger, prevenir e punir. A pergunta que deve ecoar hoje em cada gabinete, em cada plenária, em cada sala de reunião da administração pública é simples e direta: o que será feito agora?
Enquanto a resposta for “nada”, novas Vitórias continuarão sendo enterradas. E Paraty continuará de luto.

Texto muito necessário. Muito obrigada. 🥀