Paraty na mira da Polícia Federal: operação revela esquema de venda ilegal de terras públicas e propina a servidores
- Marcus Modesto
- 25 de jun.
- 2 min de leitura
Paraty (RJ) – A cidade histórica de Paraty, conhecida por seu patrimônio natural e cultural, foi alvo nesta terça-feira de uma operação da Polícia Federal que expôs um esquema criminoso de venda ilegal de terras públicas e extorsão envolvendo servidores civis e militares.
Batizada de Operação Terra Devoluta, a ação cumpriu dois mandados de busca e apreensão em imóveis localizados no município, além de realizar prisões em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. As investigações revelam uma prática preocupante: a comercialização clandestina de áreas pertencentes à União, com restrições ambientais, seguida de cobrança de propina para liberação de obras ilegais.
O grupo criminoso atuava como intermediário, vendendo terrenos que não podiam ser negociados. Após a falsa regularização, os compradores eram chantageados: só poderiam construir ou permanecer nos lotes mediante pagamento a agentes públicos supostamente responsáveis por fiscalizar as ocupações. A participação de servidores corrompidos, civis e militares, é um dos focos centrais da apuração.
O caso revela o que há muito se denuncia nos bastidores de Paraty: o avanço silencioso e impune da grilagem de terras, amparada por uma teia de favorecimentos, omissões e corrupção. Áreas de proteção ambiental, que deveriam ser preservadas, vêm sendo loteadas e degradadas com a conivência — ou a participação direta — de quem deveria fiscalizar.
Paraty, patrimônio da humanidade, vem sendo vendida aos pedaços. Enquanto o turismo ecoa discursos de sustentabilidade, nas margens e morros crescem construções irregulares, negociadas como produto qualquer, sem transparência, sem controle, sem vergonha. E, agora se sabe, com apoio interno de servidores que traem a confiança pública.
A investigação segue, mas a pergunta que fica é: quantas “Terras Devolutas” já foram perdidas em Paraty, sob os olhos fechados do poder local?
Está operação foi realizada no ano passado.

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