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Paraty: violência de gênero em cidade turística desafia rede de proteção

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 18 de jul.
  • 2 min de leitura

Paraty, famosa por sua história e turismo, também convive com índices alarmantes de violência de gênero que exigem atenção institucional e prevenção integrada.


Feminicídios e violência doméstica


De acordo com o Dossiê Mulher 2024 do ISP, na região Sul Fluminense, onde Paraty está inserida, ocorreram seis feminicídios em 2023 — sendo dois casos confirmados na própria cidade, nos primeiros meses do ano .


No estado do Rio de Janeiro, 83% dos feminicídios em 2023 foram motivados por conflitos afetivos — como ciúmes, término do relacionamento ou controle emocional — e, em sua maioria, ocorreram dentro do domicílio da vítima .


Violência não letal: psicológica e física


A Costa Verde, que inclui Paraty, contabilizou em 2023 mais de 1.000 casos de violência física e mais de 1.100 de violência psicológica, além de cerca de 200 casos de violência sexual . Esses números mostram que a violência contra a mulher em Paraty segue padrões regionais marcantes.


Violência urbana e prevenção


Paraty ostenta a segunda maior taxa de homicídios do estado, segundo relatório do Instituto Igarapé em parceria com a prefeitura local. Problemas ligados ao tráfico e à desigualdade territorial impactam diretamente a segurança da população feminina .


A cidade implementou um Observatório de Prevenção da Violência pioneiro no país, integrando dados de educação, assistência social e saúde para mapear indivíduos vulneráveis e orientar ações preventivas direcionadas a regiões e perfis de risco .


Violência institucional e manifestações


Em maio de 2021, um protesto feminino em Paraty, que exigia políticas públicas contra feminicídio, foi abafado com disparos de fuzil por parte de um policial civil — um episódio que expôs falhas na resposta institucional à mobilização das mulheres .


Contexto social e percepção pública


Uma pesquisa nacional de 2023 apontou que 36% das mulheres do Rio de Janeiro relatam já terem sofrido violência doméstica, sendo que 92% dessas vítimas sofreram violência psicológica e 77% violência física. A maioria dos agressores eram parceiros afetivos próximos .


Rede de proteção recomendada


O ISP e o governo do estado recomendam a ampliação de estruturas como Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), Patrulha Maria da Penha, Centros de Referência e Casas da Mulher Brasileira, que oferecem acolhimento jurídico e psicossocial, além de abrigo e medidas protetivas — todas pautadas pela Lei Maria da Penha de 2006 .


Panorama consolidado


Indicador/área Situação em Paraty e região

Feminicídios em 2023 2 casos confirmados na cidade

Violência física e psicológica Mais de mil registros na Costa Verde

Maior risco geográfico Áreas com atuação do tráfico e desigualdade

Ferramenta preventiva municipal Observatório de Prevenção da Violência

Falhas em respostas públicas Repressão violenta a protestos feministas

Rede de proteção recomendada DEAMs, Patrulha Maria da Penha, CRAMs, Casa da Mulher Brasileira, aplicação da Lei Maria da Penha


Paraty enfrenta o paradoxo de proteger sua imagem turística enquanto lida com violência consolidada, muitas vezes dentro de lares. A resposta efetiva depende da combinação de prevenção territorial — via educação, assistência social e saúde — com fortalecimento da rede de acolhimento e fiscalização institucional.


A integração dos setores e o investimento em mecanismos locais, como o Observatório e os serviços especializados, são passos essenciais para transformar espaços turísticos em territórios seguros para todas as mulheres.

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