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Perseguição a moto com criança de 4 anos na garupa revela o caos e a impunidade no trânsito de Barra Mansa

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 24 de out.
  • 3 min de leitura

A perseguição policial registrada na manhã desta quinta-feira (23), no bairro Boa Sorte, em Barra Mansa, é mais do que um simples caso de infração de trânsito. É um retrato do caos cotidiano que se tornou o trânsito urbano e da ausência de limites que ainda impera entre jovens condutores — muitos sem habilitação, sem noção de risco e, pior, sem consciência do valor da vida.


Um jovem de 19 anos foi flagrado conduzindo uma motocicleta sem placa, levando na garupa uma criança de apenas 4 anos, ambos sem capacete. Ao ser abordado por equipes do 28º Batalhão da PM, o rapaz decidiu fugir, dando início a uma perseguição em alta velocidade, colocando pedestres, motoristas e o próprio menino em perigo.


A fuga terminou na Rua Getúlio Borges Rodrigues, nas proximidades da Dutra, quando o condutor caiu da moto e fugiu a pé, abandonando a criança no asfalto.


Um retrato da irresponsabilidade


O episódio revela o quanto se banalizou a imprudência no trânsito. Jovens pilotando motos irregulares, muitas vezes sem qualquer preparo técnico ou emocional, transformam as ruas em pistas de fuga — e a fiscalização, em mero detalhe.


O fato de carregar uma criança sem proteção já seria suficiente para caracterizar um crime de risco consciente. Mas a tentativa de fuga, o desrespeito à ordem policial e a fuga a pé deixando o menor para trás ultrapassam qualquer limite de irresponsabilidade.


O caso também reforça um padrão: motocicletas sem placa, drogas em pequenas quantidades e o uso do espaço público como cenário de imprudência e ilegalidade. Ao lado do garoto, a polícia encontrou outro jovem, de 22 anos, também com moto irregular e porte de maconha. Ambos representam uma geração à deriva — sem noção de consequência e sem medo da punição.


Consequências que raramente chegam


Os dois veículos foram apreendidos e o caso registrado na 90ª DP, mas o desfecho é o mesmo que se repete Brasil afora: autuação, liberação e reincidência. O jovem que fugiu responderá por direção perigosa e desobediência, e o outro, por porte de drogas e direção sem habilitação.


O problema não é a falta de leis — é a falta de efetividade. Sem punições exemplares e acompanhamento rigoroso, as ruas continuam sendo palco de bravatas inconsequentes. E a impunidade, mais uma vez, cumpre seu papel silencioso: alimentar o próximo episódio.


A ausência do Estado e o papel da família


A avó da criança precisou comparecer ao local para acompanhar o neto até a delegacia, com apoio do Conselho Tutelar. Um detalhe que diz muito sobre o colapso da responsabilidade familiar e comunitária. Quando jovens de 19 anos circulam com crianças em motos sem placa, o problema já ultrapassou a fronteira da polícia: é social, educacional e moral.


Enquanto as autoridades atuam apenas no efeito — nas ocorrências que já explodiram —, a causa permanece intocada: a negligência.


O risco virou rotina


Barra Mansa, como tantas cidades do interior fluminense, vive uma epidemia de motocicletas irregulares, condutores sem habilitação e manobras perigosas. É o retrato de um trânsito que perdeu o controle e de um poder público que reage, mas não previne.


O episódio em Boa Sorte não é isolado — é apenas mais um alerta ignorado. E, como quase sempre, só uma tragédia parece ter força para despertar o senso de urgência que a rotina já anestesiou.


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